Mataram Dona Alzira. Em memória daqueles que não têm direito a Comissões da "verdade". Um ótimo texto.
No dia 7 de janeiro de 1969 a Sra Alzira Baltazar de Almeida saiu de casa para realizar as tarefas que normalmente cumpria.
Como dona de casa, hoje se diria do lar, Dona Alzira talvez fosse ao açougue, ao mercado, à padaria, à mercearia ou sabe-se lá quantas múltiplas e prosaicas tarefas as senhoras de então realizavam para atender aos afazeres domésticos.
O que Dona Alzira não sabia é que não retornaria para o lar. Marido, filhos e todos que lhe eram caros esperariam em vão. No meio do caminho uma bomba, covardemente colocada sob uma viatura policial, explodiu, ceifando a vida de Dona Alzira. Nunca se soube qual ou quais grupos da esquerda revolucionária planejaram e realizaram o insano atentado; jamais foram identificados, presos, submetidos ao devido processo penal, julgados e condenados. Os familiares de Dona Alzira jamais receberam qualquer atenção do Estado brasileiro.
Talvez não tenham recebido os direitos sociais básicos! Dona Alzira é uma das pouco mais de 120 pessoas mortas em atentados semelhantes, no período de 1964 a 1974, praticados pelas organizações criminosas de esquerda que empreenderam guerra contra o regime de exceção para implantar a ditadura do proletariado nos moldes da então existente na URSS, ou das ditaduras ainda vigentes em Cuba ou na China. Com esta atitude retardaram a volta ao pleno regime democrático, o que só veio a se concretizar praticamente em 1979 com a Lei da Anistia e em 1985 com a eleição presidencial.
Assim caberia a todos os que militaram naquelas organizações subversivas e terroristas vir a público e pedir desculpas à sociedade brasileira.
Na oportunidade em que a Comissão Nacional dita da Verdade encerra os seus trabalhos e entrega o seu relatório cabe homenagear Dona Alzira. Seus familiares não foram convidados para serem ouvidos. Parentes de outras vítimas que se ofereceram para depor foram rechaçados, como foi o caso do filho do segurança Gaudêncio Jaime Dolce, assassinado no assalto à Casa de Saúde Dr Eiras em Botafogo no Rio de Janeiro. Ou dos filhos do jornalista Edson Régis de Carvalho morto no atentado ao Aeroporto dos Guararapes no Recife.
Para os parentes destas 120 vítimas só lhes restou a lágrima e a saudade amarga.
M. Balbi – https://sociedademilitar.com.br