Othon, o oficial general que se envolveu em um grande escândalo de corrupção, manchando o nome da Marinha do Brasil, se não conseguir reverter sua condenação, em breve deve perder o posto e a patente, deixando assim de ser militar. A perda do posto e patente ocorre com todos os militares que são condenados a penas maiores que dois anos. Othon foi condenado a 43 anos, mais que suficiente para ser declarado como indigno de ser MILITAR.
Em entrevista concedida a FOLHA, o ALMIRANTE Othon Pinheiro reclama do tratamento recebido na prisão e diz – em declaração da mais infelizes – que comia “comida de praça”. Como se as praças das forças armadas, ou qualquer outro militar, merecessem comida de má qualidade.
Othon se enganou, enquanto estava preso não comeu comida de praça, ele comeu comida de PRESO.
Ele tenta convencer todos de que é inocente e que sua prisão se deve unicamente a interesses internacionais que influenciam os julgadores por meio de “pressão ideológica”! A estratégia de OTHON é a mesma usada pelos defensores de Lula, que alegam que a operação LAVA JATO é fruto de conspirações internacionais de líderes que pretenderiam se apossar do Brasil, o principal inimigo para eles são os Estados Unidos.
Na entrevista o militar da reserva de várias formas dá a entender que toda a sua vida foi dedicada ao país, como se fosse uma espécie de filantropo nacionalista. Contudo, a verdade parece ser outra. Tudo leva a crer que o único interesse do réu em questão sempre foi obter reconhecimento e dinheiro em seu “projeto científico pessoal“. Na sentença proferida pelo juiz Marcelo Bredas o magistrado faz referência a insistência dos advogados em demonstrar a relevância da produção científica de Othon, listando suas condecorações e amigos influentes.
A defesa foi pródiga em demonstrar a importância de Othon Luiz e de seu trabalho, disse o Juiz. Na sentença condenatória Marcelo Bredas diz ainda: “os delitos foram praticados com o intuito de ganhar dinheiro com seu projeto científico pessoal, para cuja consecução Othon Luiz utilizou sua notoriedade profissional e importância do cargo...”. Jogando então por terra toda e qualquer possibilidade de atribuir heroísmo ou abnegação à pessoa em questão.
O almirante agora está solto e – pelo menos por enquanto – não come o que chama de “comida de praça”. Mas, em pouco tempo pode estar de volta à prisão e, após deixar de ser militar, será encarcerado em um presídio comum, passando então a comer novamente e para o resto da vida comida de preso.
Uma das coisas que se aprende nas forças armadas e que contribui sobremaneira para que sejamos bons soldados é que o militar pertence a um corpo, um organismo cujos membros são interdependentes. Em hipótese alguma pode-se fazer pouco de qualquer um, seja praça, oficial subalterno ou oficial superior.
Nossos postos ou graduações não têm o poder de nos fazer seres humanos superiores.
Em breve, como todos nos, seres humanos, independente de toda prepotência, Othon Luiz vai virar comida de minhoca.
“O orgulho dos pequenos consiste em falar sempre de si próprios; o dos grandes em nunca falar de si.” Voltaire.
Robson ADSilva / Revista Sociedade Militar