Gen Gilberto Rodrigues Pimentel / Presidente do Clube Militar / 27 de fevereiro de 2018
“Nós vencemos a ditadura!”: disse um ministro do Superior Tribunal Federal em recente entrevista a um canal televisivo. De passagem, foi falado, também, dos Poderes da República, da normalidade constitucional em que vivemos e da democracia brasileira.
Entretanto, ficamos sem saber bem a que democracia se referem, não só o ministro, mas igualmente, quase sem exceção, toda a elite hoje no Poder. Se é da democracia que desfrutam, a do mundo particular e dourado em que eles vivem, coisa quase de autistas, ou se de uma outra, ainda, muito distante de atender minimamente o cidadão comum.
Sim, porque a que eles vivem é perfeita!
A Justiça e magistrados têm independência plena para emitir suas sentenças, como tanto valorizam. Por outro lado, processos e mais processos, envolvendo graves crimes e criminosos, se acumulam durante anos e anos nas gavetas de muitos deles, sem que haja explicação convincente. A despeito disso, gozam de privilégios funcionais e pessoais injustificáveis, muito, mas muito mesmo, além do que lhes poderia oferecer um país carente do fundamental em quase todos os setores da atividade econômica e social.
Políticos, da mesma forma, legislando em causa própria, usufruem não só dos mesmos privilégios escorchantes do Judiciário, como também de uma vergonhosa imunidade parlamentar que lhes assegura quase que total impunidade para a prática de todo o tipo de crime, inclusive os comuns. Aí está a causa primeira de há anos predominar no País a corrupção e o assalto aos cofres públicos, determinante para a miséria econômica em que nos encontramos.
Pior, por inércia do Judiciário, corremos o risco de ver perdido o trabalho saneador realizado pela Operação Lava Jato, que já foi para nós uma esperança bem mais concreta de limpeza, sobretudo, na atividade pública.
Estamos muito longe de viver numa democracia, ao menos daquela que imaginam esses senhores. É uma falácia pensar que o simples funcionamento dos Poderes da República garanta isso como gostam de apregoar. Os Poderes precisam funcionar, sim, mas corretamente e tendo à frente homens desprendidos, honestos, dispostos a prestar serviços e não a servirem a si próprios.
Uma democracia que não oferece oportunidades iguais a todos os cidadãos para que desenvolvam suas habilidades e aptidões não tem o direito de ser assim denominada. A todos têm que ser garantidas as condições de, com seu trabalho, usufruir, ao menos, dos direitos básicos da cidadania: saúde, educação, emprego e segurança. O Brasil está a anos-luz desta condição. É só ir às ruas, senhores!
E mais, é pura bravata bradar aos quatro ventos que “nós derrotamos a ditadura”. Até porque não houve ditadura alguma no Brasil. O que houve foi um regime liderado por militares que, no momento certo, livrou nosso País de tornar-se um satélite do comunismo internacional. Regime que devolveu o poder aos civis por vontade própria quando julgou terminada a tarefa de salvação.
Ditadura temos aqui ao lado, bem na nossa fronteira Norte, com suas consequências, agora escancaradas a todo o mundo, com seus muitos milhares de refugiados, invadindo nosso território e o de outros países limítrofes para se protegerem das garras do comunismo.
É por isso mesmo, por serem os tiranos venezuelanos adeptos da foice e do martelo, que boa parte dos seguidores e simpatizantes brasileiros, “sobreviventes” da nossa “ditadura”, há anos no poder, ignoraram todos os alertas recebidos sobre o perigo que morava ao lado e, ainda hoje, relutam em condenar o totalitarismo chavista que chamam de “democracia do povo”.
Esqueçam, jamais aceitaremos.
Texto do General Pimentel – Publicado em Clube Militar – RJ