O comando do Exército viveu momentos de tensão quando JAIR BOLSONARO foi preso, temia-se que houvesse uma gigantesca insurreição
Como as coisa se invertem com o tempo! No passado JAIR BOLSONARO foi visto pelas Forças Armadas como uma espécie de líder negativo, um patinho feio entre os militares, amado pelos sargentos e extrato médio da oficialidade, porém odiado pela alta cúpula das Forças Armadas.
Hoje o capitão-deputado é visto pela esmagadora maioria dos militares da Marinha, Exército e Aeronáutica como um representante dos valores disseminados dentro das Forças Armadas Brasileiras. Seu braço direito é Augusto Heleno, um general de Exército com altíssimo status entre seus pares e – inclusive – conselheiro particular do atual comandante do Exército; seu vice é Hamilton Mourão, também General de Exército, recém transferido para a reserva e presidente do CLUBE MILITAR, que reúne a nata da oficialidade da Força Terrestre.
Não pode-se deixar de mencionar que Mourão foi escolhido por unanimidade para assumir a direção do Clube dos Oficiais. Ainda entre os aliados de Jair Bolsonaro nos estados encontramos vários generais-candidatos, como Paulo Chagas e Girão Monteiro.
Veja mais sobre o General Girão Monteiro
Em setembro de 1986, insatisfeito com a situação financeira dos militares das Forças Armadas o então capitão Jair Bolsonaro decidiu arriscar a própria carreira em uma luta por melhores condições salariais e enviou um artigo à Revista Veja. O título era direto, sem insinuações, “ O SALÁRIO ESTÁ BAIXO”. Foi aí que a coisa toda começou.
Um auto-arrocho salarial
Mesmo com presidentes militares as Forças Armadas nunca se auto-privilegiaram no que diz respeito aos soldos da tropa e as camadas mais baixas da pirâmide hierárquica eram, obviamente, as que mais sofriam com o auto-arrocho salarial. O segundo sargento Marco Pollo Giordani, membro do serviço de inteligência do Exército durante o Regime Militar, em entrevista concedida ao Jornal do Brasil em 9 de julho de 1986, disse que recebia como sargento Crz 5 mil e 600, e que o valor era equivalente ao que ganhava como cabo 17 anos antes.
“ O equivalente a 7 salários mínimos, exatamente os mesmos 7 salários mínimos que eu ganhava como cabo a 17 anos”
Na Tribuna da Imprensa em 4 de setembro de 1986 um artigo hoje pouco mencionado fala sobre a apreensão na alta cúpula das Forças Armadas no que diz respeito a punir ou não o então Capitão na Ativa Jair Bolsonaro por conta de seu artigo sobre os baixos salários dos militares das Forças Armadas, publicado na Revista Veja.
No calor do tumulto causado pela ousadia de Jair Messias Bolsonaro, generais temiam uma revolta dos setores médios do Exército por causa da “invulgar capacidade de liderança” do oficial. No dia que BOLSONARO foi recolhido temia-se uma insurreição de altas proporções. A TRIBUNA escreveu, citando fonte militar: “assim que a notícia se espalhar muitos outros oficiais se apresentarão presos e os desdobramentos serão inevitáveis. E ninguém sabe até onde poderão ir… ”.
Não houveram desdobramentos, como todos nós sabemos, e muitos atribuem isso à própria ação de BOLSONARO, que teria dissuadido seus colegas oficiais intermediários de se manifestar de alguma forma ou de se apresentar para também ser punidos em solidariedade. Bolsonaro não parou, mas sempre preferiu correr os riscos sozinho, jamais instigando motins. O militar não foi expulso do Exército, foi transferido para a reserva por força da lei que determina que militares que assumem mandatos eletivos devem ser automaticamente afastados.
Por ironia do destino, 32 anos depois, alguns daqueles jovens oficiais intermediários e subalternos que, nos anos 80, segundo a avaliação da alta cúpula do Exército apoiavam o pleito do então capitão e poderiam ter se colocado sob sua liderança em uma possível insurreição, novamente apoiam seu discurso e em sua batalha contra a esquerda e grande mídia. Alguns, estão ainda na ativa, são generais de 3 e 4 estrelas.
Se JAIR BOLSONARO tivesse permanecido no Exército teria chances de hoje ser um general no último posto da carreira, ocupando as posições de maior responsabilidade e status no campo militar. Por uma daquelas inexplicáveis ironias do destino, Bolsonaro tende a ocupar o cargo de maior status possível no campo político no mesmo ano em que um general de 4 estrelas que é da sua turma de cadetes – Pujol – é o mais cotado para ocupar o cargo de comandante do Exército.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar
VEJA: JAIR BOLSONARO, ainda nos anos 90, dispensou OPALA ZERO comprado para vereadores.