Nos anos 80 Bolsonaro atuou para mostrar que existiam MORDOMIAS E VANTAGENS para os generais e lutou para que ASSOCIAÇÕES DE MILITARES fossem ouvidas em sua luta pelos direitos da tropa
Quem conhece o presidente Jair Bolsonaro sabe que desde o inicio de sua carreira política ele sempre esteve bem mais próximo dos graduados do que dos oficiais. Sargentos, cabos e soldados foram aqueles que o elegeram para vereador e em seguida o colocaram no congresso nacional. O então parlamentar sempre fez campanhas a baixíssimo custo justamente porque militares e familiares são seus principais cabos eleitorais.
O capitão era de fato odiado pelos generais e se não foi punido com mais intensidade e até expulso do exército isso se deveu ao medo que a alta cúpula tinha de que isso pudesse causar uma insurreição dentro do Exército Brasileiro. Relatório secreto menciona o então capitão como o culpado até pelo abalo nas convicções de pais de alunos de colégios militares.
O capitão Jair Bolsonaro, eleito vereador, passou a ocupar a vice-presidência da Federação das Associações de Militares da Reserva. O militar acreditava que as associações unidas, teriam maior força política para pressionar a defesa na luta por melhorias salariais para os militares das Forças Armadas. O general Coutinho, pensador do Exército que distribuía textos nos anos 80 para comandantes de Organizações Militares, chegou a dizer que Jair Bolsonaro “procurava semear um clima de discórdia, incompreensão e descrédito no público interno“. Na mesma época Bolsonaro foi apontado como incentivador de manifestação de esposas de militares – panelaço – onde foram criticados os generais, dizendo-se que viviam com “mordomias e vantagens”.
Outro trecho de documento secreto diz que BOLSONARO mencionou o general Leônidas Pires, então ministro do Exército, e outros chefes militares chamando-os de omissos
Agora, 30 anos após os comentários feitos pelo general Coutinho, oficial muito mencionado pelo pensador Olavo de Carvalho, Jair Bolsonaro está do lado inverso da situação. Nas últimas semanas associações de militares das Forças Armadas – aquelas mesmas outrora defendidas pelo atual presidente – tentam de forma intensa – mas sem sucesso – participar da elaboração do projeto de reestruturação das carreiras, mas os generais alegam que elas não podem influir nesse tipo de questão. O assessor de imprensa do presidente já deixou claro que os “estamentos inferiores” não terão voz.
General Rego Barros: “… não se faz necessário que os instamentos mais inferiores da nossa carreira tenham a oportunidade de apresentar, de iluminar diretamente a sociedade. Os chefes militares são os responsáveis por isso… “.
Militares também reclamam de que os generais estariam criando para si mais regalias, como um adicional de representação de 10% sobre os seus próprios soldos, sem estender a vantagem à tropa, que tem – por força de lei – as mesmas obrigações de representar bem as Forças Armadas.
Robson Augustto – Militar R1, Cientista Social – Revista Sociedade Militar