Injustiçados, Lucas Ferraz – Execuções de Militantes nos Tribunais Revolucionários Durante a Ditadura

A Obra de Lucas Ferraz, com o subtítulo Execuções de Militantes nos Tribunais Revolucionários Durante a Ditadura, é ousada, toca em um ponto considerado ainda como tabu no que diz respeito à militância política de esquerda nos chamados anos de chumbo, que são os conhecidos justiçamentos.

O autor usa a frase “execução sumária de guerrilheiros considerados como traidores” e diz que esse tema caiu numa espécie de “limbo histórico”. Durante cerca de 10 anos de trabalho Lucas Ferraz conversou com militantes de esquerda, seus familiares, personagens que atuaram ao lado das forças de repressão e até quem atuou dos dois lados, como o conhecido “cabo” Anselmo. Ferraz de fato conseguiu montar uma obra que vai além de mais uma simples versão sobre os fatos dos “anos de chumbo”. O texto recupera a história de várias vítimas julgadas pelos grupos de guerrilha, que acreditavam que por lutar contra a repressão do estado possuíam o poder de vida e morte sobre seus membros, acusando, julgando e condenando-os a revelia, sem sequer lhes proporcionar o tão sagrado direito à defesa.

O autor passa por várias situações da época, que contextualizam o objeto central da narrativa, como a injustificada execução do tenente Mendes, da Polícia Militar de São Paulo. Com apenas 23 anos de idade, o jovem, policial inexperiente, foi morto cruelmente pela equipe de Lamarca, a coronhadas.
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Nesse momento em que se fala muito em retorno dos militares ao poder, quando não são poucos os que pedem fechamento do Congresso e “tribunais militares” é mais do que necessário discutir e compreender o período considerado como o mais complexo vivido pelo país e que ainda não foi completamente esclarecido.
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Link para o livro na editora Companhia das Letras
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Robson Augusto – sociólogo / jornalista / militar da reserva