A promessa feita em dezembro pelo comandante da Marinha, que deixou claro que se Jair Bolsonaro for reeleito as perdas dos militares que ficaram de foram da reestruturação serão corrigidas, não tem sido suficiente para frear a onda antibolsonarista que cresce entre militares de baixa patente. Muitos graduados e pensionistas se sentem extremamente injustiçados e enxergam em Jair Bolsonaro uma espécie de traidor que repentinamente se apaixonou por quem o maltratava, os oficiais generais.
Recentes declarações de Lula apontam para uma espécie de caça às bruxas, uma vingança contra a cúpula das Forças Armadas, que emprestou seu nome a Bolsonaro, se mantendo fiel ao líder em oposição ao petista durante os quatro anos inteiros do governo do capitão, chegando inclusive a entregar condecorações ao ex-juiz Sérgio Moro por sua atuação na Lava Jato. Chamam a atenção para o fato de que o apoio dos generais tem evidentes indícios de ser motivado por interesses financeiros já que – sem exceção – os oficiais generais afastados do governo por Bolsonaro se tornam oposicionistas ferrenhos.
Um arroxo salarial
Todos os militares sabem que é quase impossível que um arroxo salarial contra as cúpulas, medida mais provável a ser aplicada por Lula, além do enxugamento da máquina pública no que diz respeito a cargos ocupados por militares, não acabe prejudicando muito quem está na base das estruturas militares e já recebe os piores salários do funcionalismo público.
Um brigadeiro na reserva chegou a dizer que as palavras do almirante de esquadra que comanda a Marinha não passaram de um “teatro mal ensaiado” entre os dois militares mais antigos da força e que a entrevista na verdade foi uma tentativa de manter junto ao presidente os votos das categorias que se sentem injustiçadas. A lei 13.954 de 2019, a reestruturação proposta e aprovada pelo governo Bolsonaro, é vista por parte da tropa como mais uma forma de privilegiar a cúpula. Com a criação de penduricalhos e novos percentuais a norma deixou de fora muitas categorias, principalmente quem já está na reserva remunerada.
Nos grupos de militares formados por leitores da revista Sociedade Militar um suboficial disse: “Entre o mar e o rochedo. Se sair da frigideira caímos no fogo. A coisa está ruim para nós, esquecidos e ameaçados.”.
As perdas inflacionárias da categoria somente no governo Bolsonaro já alcançam quase 20% e os militares de baixa patente e suas pensionistas, justamente os que ficaram de fora dos benefícios da reestruturação das carreiras, são os que mais sofrem.
Em grupos de redes sociais já se percebe várias formações anti-governo e há ainda coletas para cestas básicas e despesas médicas de militares mais carentes, o que coloca o status das cúpulas armadas – indissociáveis de Bolsonaro – cada vez mais para baixo.
Quem acompanha o universo militar de perto percebe nas redes militares o mesmo radicalismo existente nas redes “extra-quartel”, onde quem ensaia mínimas crítica contra o governo passa a ser pressionado a retroceder, sendo chamado de comunista, petista etc.
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Nas redes, militares indignados apontam que não se fala em reajuste para a categoria, que se sente desprestigiada porque policiais federais e rodoviários federais já têm promessas de reajuste salarial. Outras categorias do funcionalismo público tem reclamado muito.
Um grupo de militares do Rio de Janeiro já fez uma manifestação no centro da cidade em meados de dezembro, a intenção foi chamar a intenção do abandono daqueles militares e pensionistas mais na base da estrutura das Forças Armadas. Em 2019 o Ministério da Defesa chegou a emitir várias notas advertindo sobre suposta ilegalidade em militares da reserva ou ativa se manifestar de forma coletiva, a categoria ignorou as advertências e continua lutando para que suas demandas sejam ouvidas.
Ao mesmo tempo em que cresce o anti-bolsonarismo, a categoria se sente incomodada com a possibilidade de que um governo de esquerda venha a implementar um arrocho salarial como represália à incorporação das Forças Armadas ao palanque eleitoral de Jair Bolsonaro desde as eleições de 2018. Essa visão acaba favorecendo a escolha de um candidato mais ao centro, com menor possibilidade de tentar de alguma forma sancionar os militares.
“as baixas patentes perderam muito nesse governo e se o Lula vencer esse ano e se voltar contra as Forças Armadas o que esperamos é que tenha o mínimo de compreensão sobre o que realmente tem acontecido nos últimos anos…”disse um sargento ouvido pela Revista Sociedade Militar.
“Bolsonaro sempre foi mal visto pela cúpula do EB… generais foram os únicos que ganharam… mesmo que Moro cresça ele está colado com o Santos Cruz, então generais estarão no controle de qualquer forma… se o Lula abrir uma brecha para os militares é melhor ir por ele porque ele pode fazer uma separação financeira entre a cúpula e o restante da tropa… seria uma forma de reduzir o poder da alta cúpula no quesito financeiro …”, diz outro militar ouvido.
Alguns comentários sobre o assunto encontrados na revista
“… PRESIDENTE E GENERAIS PILANTRAS DERAM UM GOLPE, NOS GRADUADOS E NO BRASIL, AUMENTARAM SEUS SALÁRIO E DEIXARAM OS GRADUADOS A MÍNGUA, GENERAIS SEM PALAVRA E PRESIDENTE OMISSO.”
“Não votar em Bolsonaro não quer dizer que irá votar em Lula. Fora Bolsonaro e venha aquele que se sobressair melhor em outubro/2022.”
“Oficiais generais articularam com o congresso a lei 13.954/2019, que garantiram-lhes 73% de aumento nos salários às custas do pessoal graduado da reserva e das pensionistas. O governo não cumpriu o compromisso de rever as distorções na lei. Triste fato.”
“Comandante da Aeronáutica, Exército e Marinha quebraram os pilares da Hierarquia e da Disciplina. Não pensam no nosso bem estar, só pensam no bem estar deles. O Comandante da Marinha foi sarcástico e desrespeitoso com sua tropa. Eles optam em Sacaniar suas guarnições. Não há respeito. Eles cagam e urinam sobre nós, são maquiavélicos”
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