Boa noite amigos, há alguns dias tomei conhecimento de reunião a ser realizada entre o general Girão, pensionistas e militares das Forças Armadas na reserva. Aguardei até que data e horário estivessem confirmados e só então divulgamos aqui na Revista Sociedade Militar. Ivone Luzardo é uma grande articuladora e não havia dúvidas de que seria de fato recebida.
Na forma de mais um bom bate papo passo pra vocês o que de fato ocorreu no gabinete. Antes, uma retrospectiva rápida, necessária para entender a questão: quem comandava os acordos entre o governo e o parlamento em 2019 na época da aprovação do então PL 1645 era o general Ramos, um militar pouco versado na política e conhecido nos bastidores como alguém que tem “muito gogó”… Vocês sabem o que significa isso. Não é por coincidência que Ramos já foi tachado por alguns políticos de “maria fofoca”.
Quando os senadores resolveram acatar a promessa do governo de aprovar o projeto 1645 de 2019, sob o compromisso de reparar os erros no ano seguinte, todos acreditaram piamente que a cúpula militar do governo iria cumprir o compromisso, pelo simples motivo de que nunca antes havia se quebrado um acordo desse tipo.
Os graduados tinham conseguido um fato até então inédito, mostraram muita força e além de derrubar o adicional de 10% que seria dado a título de representação só para os generais, na ativa e reserva, agora estava em suas mãos a decisão de deixar passar ou barrar um projeto dos poderosíssimos generais.
O próprio senador Humberto Costa, petista que ia obstruir e impedir o andamento do projeto 1645/2019, questionou suboficiais se deveria deixar passar ou não. Graduados presentes questionaram se o acordo proposto pelo governo seria cumprido, o senador disse que todos podiam confiar, que um acordo desse tipo sempre era cumprido, o senador major Olímpio disse a mesma coisa.
Após essas declarações os suboficiais, sargentos e pensionistas presentes deram sua “permissão” para que a coisa terminasse de tramitar.
Por qual motivo fiz a introdução contando o caso do acordo não cumprido? Logo no início da conversa dessa terça-feira o oficial general e deputado mencionou que não entende o motivo que faz com que alguns militares se aliem com a esquerda. Foi-lhe explicado que isso é fruto da decepção, da promessa não cumprida entre o governo e o Senado. O deputado general Girão disse que não tinha conhecimento de acordo fechado. Na interpretação de seus interlocutores de hoje ele se mostrou genuinamente surpreso.
Após compreender todas as questões colocadas por Marcio Rodrigues e Ivone Luzardo, incluindo a possibilidade de correção para pensionistas e equiparação de cursos para todas as categorias que sofreram perdas, por meio de portarias, Girão assumiu o compromisso de levar o mais rápido possível a situação para a secretaria de governo e de usar a sua influência para viabilizar uma solução.
Portarias nas quais o Exército majorou adicionais, como no caso dos médicos especialistas que hoje recebem habilitação de aperfeiçoados, foram mencionadas como uma das possibilidades de reparar os erros na lei 13.954 de 2019 .
Alguns tem dito que o oficial-militar-deputado está incomodado com as críticas feitas por meio das redes sociais. É obvio que está. Ele é um político em mandato e obviamente quer ser reeleito e por isso – aparentemente – está fazendo uma revisão do que pode ter ocorrido durante o mandato e principalmente do que tem gerado tantas críticas por parte de militares.
Girão foi eleito com mais de 80 mil votos.
No Rio Grande do Norte conta—se pouco mais de 20 mil famílias de militares. Não se sabe quantas dessas famílias votam em Eliezer Girão, mas qualquer político sabe que cada voto é importante para quem tem um projeto. Sabe-se também que a família militar tem grande poder de influenciar nos seus círculos de convivência.
Já ia esquecendo… Girão deixou escapar que o governo sabia desde o início que havia problemas, que havia categorias que ficariam de fora, mas que o presidente Bolsonaro pretendia corrigir isso na reposição que daria alguns meses depois…. o que não ocorreu por conta da pandemia e todo o caos que se seguiu a ela.
A declaração bate com a do Comandante da Marinha há alguns meses, que disse que categorias que “ficaram de fora” seriam incluídas em breve.
Marcio Rodrigues e Ivone Luzardo tiveram em seguida uma reunião com a assessoria do deputado para justamente rascunhar uma proposta a ser levada em mãos até o governo. É preciso lembrar que o parlamentar em questão pode ser considerado como parte do circulo íntimo do presidente e que é visto como um dos pilares de Bolsonaro na região Nordeste do país e – por alguns – como potencial candidato ao governo do Rio Grande do Norte.
Em breve mais informações sobre esse assunto.
Robson Augusto / Revista Sociedade Militar