“A corda arrebenta do lado mais fraco”, diz o ditado. Exatamente assim ocorre nas Forças Armadas. Enquanto membros da cúpula política das Forças Armadas, os oficiais generais, passaram os quatro anos do governo Bolsonaro discutindo ideologia, política e angariando para si vantagens financeiras, como a permissão para extrapolar o teto constitucional e obter reajuste em cursos realizados durante sua carreira, chegando a receber mais que 60 mil mensais, a parte mais humilde da tropa, os militares que não têm tempo ou condições de empreender discussões políticas na mídia ou em palanques públicos, os tenentes, suboficiais, sargentos, cabos e viúvas de militares falecidos, acabaram recebendo pouquíssimo ou nada de reajuste durante os últimos 4 anos de governo.
A Revista Sociedade Militar recebeu informações de vários militares e pensionistas. Notem abaixo os bilhetes de pagamento ou contracheques enviados à revista por um militar da reserva na graduação de cabo. Pode-se perceber claramente que o numerário recebido como valor bruto ( R$ 3.730,82) é exatamente o mesmo antes e depois do governo Bolsonaro, o que prova que militares de baixa patente, ao contrário dos oficiais generais, não receberam reajuste salarial.
Durante o governo Bolsonaro os militares prejudicados tentaram levar até o presidente dados sobre a situação, mas foram rechaçados. Em uma dessas ocasiões o então presidente disse que se ficassem reclamando jogaria todos na previdência comum, algo que ele mesmo por diversas vezes disse que é incabível em se tratando de militares.
Militares das Forças Armadas aguardam – no Rio – agendamento de encontro com o Deputado Glauber Braga, do PSOL. A intenção, segundo explicado à Revista Sociedade Militar, é tentar fazer com que o parlamentar leve até o presidente Lula a verdade sobre o que acontece nas Forças Armadas. Advogado muito conhecido, ligado à causas militares, relata que deve se encontrar com parlamentares na próxima semana para apresentar questões legais relacionadas ao arroxo financeiro que recais sobre a tropa.
Parte da grande mídia e classe política têm divulgado que os militares receberam reajuste durante o governo Bolsonaro. Graduados da ativa e reserva ouvidos pela revista alegam que as declarações são equivocadas, que algumas categorias próximas às cúpulas e os oficiais generais receberam reajustem em adicionais por cursos, mas a maioria dos militares e viúvas de militares falecidos teria ficado com zero ou quase zero de reajuste.
Grupos tentam ainda se mobilizar para a confecção de faixas e outdoors com o intuito de chamar a atenção do governo em Brasília para a situação das chamadas baixas patentes. Imagem abaixo de modelo de texto para outdoor e faixas que circula em grupos de whatsapp de militares das Forças Armadas.
Robson Augusto / Revista Sociedade Militar