Sophie Scholl foi uma estudante alemã e ativista política anti-nazista que viveu entre 1921 e 1943, na Alemanha. Fazia parte do grupo “Rosa Branca”, um grupo de resistência não violenta à Alemanha Nazista. Apesar de ser tão nova, Sophie tinha convicções inabaláveis e era dotada de extrema coragem e resiliência, características que a fazem sua vida ser inesquecível até hoje para o povo alemão. Na semana passada, foi lembrado o 80º aniversário da morte dessa jovem que ficou famosa por enfrentar Adolf Hitler e que pagou por isso com a própria vida.
Fora da Alemanha, Sophie não é amplamente reconhecida pelo grande público. No entanto, sua extraordinária história de luta contra a opressão e combate a injustiça o torna uma figura icônica em seu país natal. Sua vida já foi recontada inúmeras vezes em livros, filmes e peças de teatro. E, não surpreendente, continua a inspirar as pessoas até hoje.
Sophie Scholl nasceu em 1921, em uma época muito difícil pra Alemanha. A Primeira Guerra Mundial havia acabado apenas alguns anos antes, o que jogou o país em uma profunda recessão e crise econômica. Sua infância, contudo, foi relativamente segura e confortável: seu pai era prefeito da cidade de Forchtenberg, no sudoeste do país, o que lhe permitiu crescer, junto com seus cinco irmãos e irmãs, em um lar economicamente mais estável.
Sophie foi criada em uma casa luterana na qual os valores cristãos eram importantes. Era uma família unida e, sob muitos pontos de vista, bastante privilegiada para os padrões alemães da época.
Até que a menina chegou à adolescência e, junto com ela, o governo de Adolf Hitler.
De apoiadora à resistência, uma autêntica mudança da água pro vinho
Os dois irmãos eram típicos adolescentes rebeldes: seu pai era um crítico fervoroso de Hitler e os dois, o completo oposto disso. O entusiasmo dos seus filhos deixava seus pais horrorizados. Contudo, não apenas a influência familiar, como a de amigos próximos, aos poucos, foi mudando a cabeça dos jovens. Ao notar como conhecidos, artistas, judeus, etc, eram tratados pelas políticas do Terceiro Reich, ambos começaram a ver o regime com olhos mais amargos. A gota d’água veio quando Hitler invadiu a Polônia.
“Não me diga que é pela Pátria.”
A medida que mais e mais jovens alemães eram enviados para a guerra, Sophie se tornava cada vez menos apoiadora do regime de Hitler. Em uma carta para o namorado Fritz Hartnagel, ele mesmo um soldado, a jovem escreveu as seguintes palavras: “Não consigo entender como algumas pessoas arriscam continuamente a vida de outras pessoas. Nunca vou entender e eu acho que é terrível. Não me diga que é pela Pátria.”
Com o avanço da guerra, seu irmão Hans, um estudante da Universidade de Munique, junto com um grupo de amigos, resolveram adotar uma estratégia de resistência passiva aos nazistas, escrevendo e publicando panfletos que pediam a derrubada do nacional-socialismo. Eles se auto-intitulavam “Rosa Branca”.
No auge, haviam apenas seis membros nesse grupo, Hans, sua irmã Sophie, outros três estudantes da universidade e um professor, Kurt Huber.
Apoiados por uma rede de amigos e simpatizantes, o grupo imprimia e distribuía panfletos, incentivando os cidadãos a resistir ao regime nazista, além de denunciar maus tratos aos judeus. Além disso, também exigiam o imediato fim das hostilidades contra os países vizinhos.
“Não seremos silenciados”
O grupo produziu seu sexto panfleto no início de 1943. “O nome alemão será danificado para sempre se a juventude alemã finalmente não se levantar, vingar e expiar ao mesmo tempo, esmagar seus algozes e fundar uma nova Europa espiritual.”. Aquele seria o último panfleto distribuído pelo Rosa Branca.
No dia 18 de fevereiro de 1943, Hans e Sophie distribuíam normalmente sua mensagem pela universidade, como já haviam feito outras vezes. Mas aconteceu algo diferente naquele dia. Sophie teria subido ao patamar do último andar que dava para o arejado átrio do prédio principal da universidade e jogou uma pilha de panfletos sobre o pátio.
Um zelador, no entanto, teria presenciado a cena toda e não gostou nada do que viu. No mesmo dia, o homem teria entregado o grupo à Gestapo, a polícia secreta de Hitler.
Sophie e Hans foram interrogados e, após um julgamento praticamente de fachada, ambos foram condenados à morte. Durante o interrogatório, os dois se recusaram a trair o resto do grupo, mas as autoridades acabaram localizando o grupo posteriormente. Em poucos meses, todos haviam sido executados.
Na manhã do dia 18 de fevereiro, Sophie foi guilhotinada. Em suas últimas palavras, Sophie, com apenas 21 anos, disse:
“Um dia tão bonito e ensolarado, e eu tenho que ir… O que importa minha morte, se através de nós, milhares de pessoas serão despertadas e incitadas à ação?”
Essas palavras ainda hoje são honradas na Alemanha, onde escolas e outros prédios importantes levam seu nome e o de seu irmão. Dedicamos este espaço à reflexão silenciosa sobre a vida de jovens cuja coragem e convicção até hoje movem corações e mentes.