No dia 18 de janeiro, apenas uma semana antes de se tornar comandante do Exército do atual governo, conforme noticiado aqui, o general Tomás Paiva revelou o que pensa sobre a eleição do atual presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva. O General teve um áudio com suas falas divulgado pelo podcast Roteirices no qual classificou a vitória do petista como “indesejada”. O militar, apontado por aliados de Jair Bolsonaro como um militar próximo do ex-presidente, foi gravado em uma cerimônia reservada, sem o seu consentimento. O áudio acabou vazando, sendo noticiado em diversos canais de imprensa.
Vitória de Lula
Além da declaração negativa dada pelo General em relação à vitória de Lula, Tomás Paiva também falou sobre a fiscalização feita pelos militares no recente processo eleitoral. “Não dá para falar com certeza que houve qualquer tipo de irregularidade [na eleição]. Infelizmente, foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu”, disse o atual comandante, se referindo às suspeitas de fraude nas eleições.
“Um relatório da Defesa diz que não foi encontrado nada naquilo que foi visto. O processo, possivelmente, pode ter falhas, que têm de ser apuradas, falhas graves, mas não dá para falar com certeza que houve irregularidades.”, completou.
No mesmo evento, o militar comentou sobre a Justiça Eleitoral. “Não posso garantir que a sensação de parcialidade não existiu”, disse. “Mas o que eu posso falar é o seguinte: não tem ferramenta dentro da escala legal para prever contestação da eleição dentro do Tribunal Superior Eleitoral. Essa sensação ficou, porque a eleição foi apertada.”, concluiu.
Direita conservadora
Intervenção Militar
O assunto intervenção militar também foi abordado pelo general, na ocasião. “Intervenção militar com [Jair] Bolsonaro presidente era impossível de fazer”, afirmou. “Imagina se a gente tivesse embarcado em uma aventura. Vocês viriam a repercussão mundial. A gente não sobreviveria como país. A moeda explodiria, a gente ia levar um bloqueio econômico jamais visto. Você ia ficar pária, e o povo ia sofrer as consequências. Ia ter sangue na rua. Coragem é o reverso. Coragem é se manter instituição de Estado, mesmo que custe alguma coisa de credibilidade e popularidade.”
Sobre os recentes eventos em Brasília, nomeadamente, no dia 8 de janeiro deste ano, Paiva disse que é necessário combater “o extremos dos dois lados”. O General classificou os manifestantes que invadiram as sedes dos Três Poderes como “malucos” e “vândalos”. “É um cara que entrou numa espiral de fanatismo que não se sustenta”, observou sobre o assunto. “O que produziu? Ia derrubar o governo assim? O Supremo muda? Todo mundo se comunica e julga por sistema on-line. Se jogar uma bomba no palácio, ele vai despachar de outro. Que coisa infantil, besta, burra, irascível.”, concluiu.
Para ouvir o áudio completo, o leitor da Revista Sociedade Militar pode clicar aqui.