O General Richard Fernandez Nunes, atual Comandante Militar do Nordeste, recentemente publicou dois textos em defesa do Exército Brasileiro, contendo respostas às principais críticas da sociedade brasileira ao comportamento da força. A maior parte das críticas vêm de dois grupos distintos: aqueles que acreditam que o Exército extrapolou sua função constitucional e aqueles que consideram que os militares deveriam ter impedido a posse de um presidente eleito.
No artigo “O mundo PSIC e a Ética Militar” publicado em veículo institucional do Exército Brasileiro, o conhecido EBlog, o general Richard Nunes, que substituiu Rego Barros no CComsex, defende que um “inconformismo com a tradicional postura legalista e de neutralidade do Exército” vem ocasionando “ataques a reputações típicos de regimes totalitários” e “insultos a camaradas de longa data”. O objetivo dessas práticas, de acordo com o oficial do Alto Comando, seria “tentar atingir a coesão da Força, em flagrante traição ao sacrossanto respeito à hierarquia e à disciplina”.
Em seu texto, Richard acusa os brasileiros, resumindo, de serem imediatistas e de tirarem conclusões sem conhecimento completo dos assuntos. Ele propõe um novo acrônimo para compreender o mundo atual: “PSIC”, que significa “precipitado, superficial, imediatista e conturbado”.
O general acredita que as pessoas de hoje estão reagindo impulsivamente aos estímulos do mundo digital, prejudicando o pensamento analítico necessário para os profissionais da guerra.
O Coronel da reserva P. R. G.Filho, em um texto publicado no blog do Exército Brasileiro, defende o general Richard Nunes e aprofunda a análise do “mundo PSIC”. Se dirigindo inicialmente para militares, mas em um texto que pode ser compreendido como uma crítica implícita àqueles que hoje atacam o exército brasileiro nas redes sociais, que inclusive fechou suas redes sociais por causa do exagerado número de xingamentos, o oficial argumenta que o imediatismo leva a conclusões apressadas para problemas complexos, aumentado assim a conturbação, polarização e intolerância.
O coronel da reserva também aponta a importância da resiliência, ou seja, a capacidade de resistir a adversidades, como uma qualidade necessária para os militares nesse cenário atual. Ele sugere que os militares busquem constantemente aprimoramento pessoal e profissional para aumentar sua resiliência às pressões do “mundo PSIC”.
Como ferramenta para enfrentar esses desafios, o coronel destaca o estudo e a aplicação do pensamento crítico, o que inclui habilidades como questionamento, pensamento lógico, conexões entre diferentes assuntos e reconhecimento de falácias.
Para se proteger das armadilhas do “mundo PSIC”, é preciso evitar a falta de humildade intelectual, a tentação de buscar respostas no senso comum, o maniqueísmo, o viés de confirmação e o sociocentrismo. Essas habilidades são reforçadas pelas características do mundo atual e exigem estudo constante e abertura a novas idéias.
O coronel, em seu texto no Eblog, por fim enfatiza a necessidade de se armar com diversas ferramentas intelectuais para enfrentar os desafios de compreender a formação de convicções pessoais. Na sua visão isso exige estudo constante, abertura a novas ideias e método, sem substituir os valores fundamentais da Força Terrestre, mas reforçá-los.