De acordo com as informações apuradas e publicado em 17/03/2023 pelo RR (Relatório Reservado), outras empresas internacionais da área de defesa chegaram a olhar a AVIBRAS.
Controlada pelos herdeiros de João Verdi de Carvalho Leite, a companhia vive uma severa crise financeira. Em recuperação judicial — a segunda no intervalo de 15 anos – a empresa tem uma dívida superior a R$ 500 milhões, No ano passado, demitiu mais de 400 funcionários.
Consultada pelo RR, a AVIBRAS confirmou que seus “acionistas estão em busca de parceiros estratégicos que possam capitalizar a empresa.” A companhia informou também que há vários interessados, mas nenhuma transação ocorreu até o momento”.
Estima-se que atualmente mais de 80% da receita da companhia venham das exportações. Ainda assim, historicamente a AVIBRAS é quase um braço das Forças Armadas.
A Rheinmetall tem o calibre necessário para conduzir a reestruturação de que a Avibras precisa. Trata-se de um conglomerado com fábricas em 33 países, a maior parte na Europa. Nos últimos meses, o grupo vive um momento de prosperidade: as encomendas de equipamentos bélicos dispararam na esteira da Guerra entre Rússia e Ucrânia. Desde o início do conflito, em fevereiro do ano passado, suas ações subiram mais de 150%.
Entre outros armamentos, a Rheinmetall fabrica os tanques Leopard que países europeus aliados do presidente Volodymyr Zelensky têm enviado para a Ucrânia. A própria empresa alemã já anunciou planos de instalar uma fábrica em território ucraniano para produzir até 400 tanques de batalha modelo Panther por ano.
A AVIBRAS também interessa ao Edge Group, empresa dos Emirados Árabes Unidos que negocia a compra da empresa brasileira, de acordo com a revista Veja de 20/03/2023.
De acordo com a publicação, a principal motivação dos árabes na negociação é adquirir o sistema de lançamento múltiplo de foguetes Astros e o Míssil Tático de Cruzeiro, que são alguns dos principais projetos da Avibras desenvolvidos em parceria com as forças armadas brasileiras. A empresa com sede em São José dos Campos (SP) também oferece soluções de software e produz armamentos e viaturas blindadas, como o Guará 4WS.
Embora não comentada por representantes da Avibras, a divulgação da possível venda da fabricante na imprensa ligou o alerta do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (24), o sindicato diz que vender a Avibras “representa grave ameaça à soberania nacional e ao conhecimento acumulado ao longo de décadas”.
“Para o Brasil, as consequências são desastrosas. Trata-se de perder uma das poucas empresas de elevada tecnologia sediadas no país. O que é pior, em um setor estratégico para a soberania nacional, sobretudo em uma situação de escalada dos conflitos com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas não somente isso.
A situação é também desastrosa para os trabalhadores da Avibras”, diz trecho da nota.