Autoridades russas prenderam esta semana um jornalista americano do Wall Street Journal sob acusações de espionagem. O principal serviço de segurança e inteligência da Rússia, o FSB (antiga KGB), afirmou na última quinta-feira que Evan Gershkovich tentava obter segredos de Estado de maneira ilícita.
A prisão é mais um agravante nas já tensas relações entre a Rússia e os Estados Unidos, que tem se deteriorado desde que o presidente Vladimir Putin lançou sua invasão em grande escala da Ucrânia, em fevereiro do ano passado.
O FSB disse que Gershkovich foi detido em Yekaterinburg, no lado leste dos montes Urais, alegando que o jornalista estava “tentando obter informações secretas” relacionadas às “atividades de uma das empresas do complexo militar-industrial russo”.
O Wall Street Journal rejeitou categoricamente as acusações de espionagem, dizendo em comunicado que “nega veementemente as alegações do FSB e busca a libertação imediata de nosso confiável e dedicado repórter”.
Um tribunal distrital russo em Moscou disse que Gershkovich seria detido no mínimo até 29 de maio.
Retaliação à prisão de suposto agente russo no Brasil
Esta a primeira vez que um jornalista americano é preso sob suspeita de espionagem na Rússia desde o final da Guerra Fria. Especula-se que essa seja uma medida reataliatória à outra acusação, feita por autoridades americanas, contra um cidadão russo, Sergey Vladimirovich Cherkasov. Washington acredita que Cherkasov é na verdade um espião russo. O russo está preso no Brasil, acusado de fraude e uso de documentos falsos.
Cherkasov estava para começar um estágio de seis meses no Tribunal Penal Internacional em Haia – o mesmo que emitiu recentemente um mandato de prisão contra Vladmir Putin. Com base em informações repassadas pelo FBI, as autoridades holandesas recusaram sua entrada no país. Cherkasov foi colocado em um avião de volta ao Brasil, onde foi preso logo após o pouso. Ele enfrenta uma pena de até 15 anos de prisão.
Durante uma entrevista coletiva, ao ser questionado por um repórter se a prisão do jornalista americano era uma resposta à prisão do estudante russo por autoridades brasileiras, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não fez comentários. “Não tenho essa informação. Não tenho nada a dizer sobre esse assunto.”, respondeu, evasivamente.