A tendência das populações asiáticas de crescerem e migrarem para as grandes cidades atingiu um ponto de inflexão após a China agora se juntar aos países da região com populações em declínio. Com isso, o país se torna uma das quatro economias dominantes da Ásia – ao lado do Japão, Coreia do Sul e Taiwan – a experimentar um rápido envelhecimento populacional em escalas nunca vistas antes.
Nos últimos anos, a China entrou em um período de “crescimento negativo da população”, um momento único na história do país. Em 2019, a ONU já havia projetado que a população chinesa atingiria o pico em 2031-32, mas, apesar dos grandes esforços do governo para reverter essa tendência, a China iniciou agora o que se espera ser um longo período de declínio populacional.
Especialistas e autoridades alertaram que a falta de filhos entre as mulheres chinesas saltou de 6,1% em 2015 para quase 10% em 2020, enquanto o número de filhos que uma mulher tem caiu de 1,63 em 2019 para 1,19 em 2022.
A mudança na demografia pode ter um efeito profundo, desde como a economia opera, os futuros do investimento no país, e até mesmo a legitimidade do próprio presidente chinês, Xi Jinping.
Situação é tendência entre países desenvolvidos
No final do século passado, a média populacional de alguns países já atingia níveis preocupantes. No Japão, por exemplo, a idade média populacional atingiu 40 anos já em 1999 e continuou a subir. Em 2021, passou a ser a mais alta do mundo, com quase 50 anos de idade média da população.
Para alguns países, a imigração está se tornando cada vez mais uma opção para manter a população economicamente ativa maior. Nos últimos anos, Austrália, Nova Zelândia e Cingapura já adotaram essa estratégia para compensar as taxas de natalidade abaixo da reposição. No entanto, dado o grande tamanho da população da China, essa solução não seria totalmente viável para compensar o encolhimento acelerado da população, ao menos no curto prazo.
Crescimento acelerado na Índia
A Índia se tornará o país mais populoso do mundo em 2024, com um crescimento populacional projetado de cerca de 256 milhões até 2050. Em contrapartida, a perda populacional projetada de países como Japão, Rússia e China somam-se quase 200 milhões, sem falar do envelhecimento.
No século 21, quase 98% do crescimento populacional será em países menos desenvolvidos, como a Índia. Até o final do século, contudo, a população mundial deverá atingir o pico.
Ainda que o paradigma demográfico do sudeste asiático esteja fadado a mudanças bruscas nos próximos anos, os países envelhecidos e em declínio do Nordeste da Ásia provavelmente continuarão a ser as principais potências da região no futuro previsível. Resta saber se conseguirão se manter assim nas próximas décadas.