No início de fevereiro, o exército fechou suas redes sociais pela primeira vez em mais de dez anos. Na época, a atitude pegou mal, especialmente, entre a parcela da população mais simpatizante da Força. A postura fez com que alguns se sentissem como se o Exército estivesse evitando ao máximo a participação da sociedade nos seus assuntos, o que gerou forte repercussão negativa.
Após muita pressão, no entanto, o Exército Brasileiro decidiu reabrir as redes sociais para comentários. E não era por menos: apenas no Facebook, a Força Terrestre conta com quase quatro milhões de seguidores.
Pensava-se, contudo, que após quase 2 meses de bloqueio, os ânimos estariam mais calmos. Lêdo engano, os internautas voltaram não apenas com velhas críticas, mas com novas perspectivas sob o que alguns chamaram de “censura” da instituição. Os comentários vão de observações mais educadas à opiniões mais exaltadas, até mesmo impróprias.
Críticas em todas as redes sociais
No canal de Youtube do Exército Brasileiro, com mais de 1 milhão de seguidores, nem as comemorações de aniversário do Dia do Exército escaparam das reações negativas. Grande parte dos internautas escreveram que se sentem decepcionados ou desprovidos de orgulho pela instituição e que não havia nada para se comemorar.
Em outro vídeo, sobre a Operação Munduruku II, um dos comentários mais curtidos enaltece a Força Expedicionária Brasileira, mas lamenta o estado do Exército Brasileiro hoje. “A FEB sim é motivo de orgulho para os brasileiros. Não posso falar a mesma coisa hoje.”, observa o internauta.
No Facebook a situação não é diferente. Em uma postagem sobre missões de paz da ONU, um internauta escreve que “Estamos em guerra aqui e vai para missao de paz em outros paises!!! Olhem para dentro de casa primeiro!”. O comentário recebeu mais de um terço das curtidas da postagem original.
Situação é ainda pior no Twitter
No Twitter, rede social que o Exército Brasileiro tem mais de 2 milhões de curtidas, nenhum dos últimos posts recebeu sequer um único comentário positivo, conforme apurou a Revista Sociedade Militar. Na tarde desta quarta-feira, 3 de abril, enxurradas de comentários sobre a situação do Tenente Coronel Mauro Cid contaminaram praticamente todas as postagens.
O assunto inclusive virou trending topics no Twitter, que mede os pontos mais comentados do momento na rede social.
Outros comentários reverberam opiniões que já haviam sido expressadas anteriormente em todas as redes sociais das Forças Armadas, principalmente, desde as últimas eleições. “Que decepção, eu teria vergonha”, comentou um internauta em uma postagem sobre operações na Amazônia. “Eu sinto vergonha, por que não protegem o povo brasileiro?”, questiona outra seguidora.
Reações negativas estão em toda parte
A Revista Sociedade Militar escreveu sobre a reabertura das redes sociais do exército no início da semana, dia 1º de maio. Não demorou muito e os internautas já se manifestavam negativamente sobre a instituição, a uma velocidade surpreendentemente alta, raramente observada na página da Revista.
Apesar das constantes críticas nas redes, no entanto, não ficou evidente que nenhum comentário está sendo censurado ou controlado pelos militares. Resta saber se, sob comando do General de Exército Tomás, a imagem e a reputação do Exército Brasileiro será fortalecida e recuperará seu prestígio de outrora.