Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o Ministro da Defesa, José Múcio, interpelado pelo deputado Marcelo Crivella, fez críticas à cultura política brasileira.
Segundo o ministro, os políticos muitas vezes priorizam ações que geram votos em detrimento do investimento adequado em políticas públicas responsáveis, incluindo a falta de investimento nas Forças Armadas.
Múcio destacou a importância de se exercer responsabilidade com o país e superar a demagogia presente na história política do Brasil.
O Ministro da Defesa mencionou a abolição da escravatura, ocorrida em 1888, como exemplo de um ato demagógico da história brasileira. Segundo Múcio, a libertação dos escravos foi realizada sem a devida preparação para a inclusão social, resultando em uma situação de desamparo para essas pessoas, que foram lançadas nas ruas sem casa, roupa, comida, documentos ou perspectivas de vida.
Nós somos afeitos à demagogia e a história registra isso. Não existe um ato mais demagógico do que a abolição da escravatura, pois em 1888 nos simplesmente abrimos as senzalas e mandamos as pessoas para as ruas sem casa, sem roupa, sem comida, sem documento e sem horizontes para onde se dirigissem, disse.
O ministro relacionou essa abordagem ao cenário atual de insegurança alimentar enfrentado por cerca de 30 milhões de brasileiros, afirmando que suas condições refletem a falta de prioridade dada a questões essenciais em detrimento de preocupações eleitoreiras.
Falta de investimento nas Forças Armadas
José Múcio destacou que a cultura política voltada para ganhar votos tem impactos negativos nas Forças Armadas do Brasil. Ele ressaltou que investimentos essenciais para garantir a segurança nacional e a capacidade operacional das Forças Armadas muitas vezes são negligenciados, pois não geram dividendos eleitorais imediatos. Enquanto a atenção dos políticos se concentra nas próximas eleições, a compra de aviões, a encomenda de submarinos e a modernização dos equipamentos da Aeronáutica, do Exército e da Marinha são colocados em segundo plano.
É porque muitas vezes nós nos preocupamos com lados e somos extremamente “eleitorizados”. E há uma preocupação que nós temos, e essa casa nos induz a isso, a nos preocuparmos com a próxima eleição, com o que dá voto. Comprar um avião não dá voto. Encomendar um submarino não dá voto. Investir em equipamentos para a Aeronáutica, o Exército e a Marinha não dá voto.
Responsabilidade com o país
O Ministro da Defesa enfatizou a necessidade de uma postura responsável por parte de todos os partidos e matizes ideológicas. Ele ressaltou que o país pertence a todos, e é fundamental superar a mentalidade eleitoreira em favor de uma abordagem que priorize o bem-estar do Brasil como um todo.
Então isso é uma questão de responsabilidade com o país que pertence a todos os partidos e a todas as matizes ideológicas que nós temos.
Na opinião do ministro, a segurança nacional é uma questão fundamental que exige investimentos adequados e compromisso de longo prazo, independentemente de considerações políticas imediatas.
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