Imigrantes cubanos que vivem na Rússia já estão se juntando às forças armadas do país para lutar ao lado das tropas que invadem a Ucrânia. O fluxo de cubanos começou depois que o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um projeto de lei para conceder cidadania a todos que se alistarem.
A mídia local informou que que “vários cubanos” já foram levados na última quarta-feira para a zona da “operação militar especial”. A “zona de operação militar especial” é o eufemismo usado pela mídia russa para se referir à zona de guerra na Ucrânia.
De fato, os cubanos apareceram mesmo ao lado de russos combatendo na Ucrânia, tanto no Exército Russo quanto no Grupo Wagner. O governo russo declarou que os cubanos se juntaram como voluntários e não fazem parte do exército cubano.
Os cubanos são levados para combater no país vizinho depois de assinar um contrato de um ano com o exército russo. O jornal Ryazan Gazette apurou que os cubanos receberão no ato da assinatura um pagamento único, em rublos, equivalentes a $ 2.433 dólares, do orçamento federal. Há também outro pagamento, também em rublos, equivalente a $ 2.500 dólares, este pago pelo governo local. Os soldados do país insular também receberão um salário mensal equivalente a U$ 2.545, acrescenta o relatório.
Parceria de longa data
Nos últimos meses, inúmeras autoridades russas viajaram para Cuba. Por sua vez, no começo deste mês, o presidente cubano Miguel Diaz-Canel foi à versão em espanhol do Russia Today para insistir no apoio “incondicional” de Cuba à Rússia.
“Condenamos e não aceitamos a expansão da OTAN para as fronteiras da Rússia”, afirmou Diaz-Canel.
A NBC News apontou rumores de que a Rússia pode planejar usar novamente a ilha como base avançada na porta dos Estados Unidos.
Cuba está enfrentando sua pior crise econômica desde o fim dos subsídios soviéticos em 1991. A produção agrícola cubana entrou em colapso, com estimativas que o país talvez precise importar cerca de 80% de seus alimentos. Além disso, a pandemia cortou o fluxo de turistas que traziam a moeda forte de que Cuba precisa para comprar alimentos no exterior.
Por isso, não é de se espantar que, nas últimas semanas, vários oligarcas russos assinaram acordos com Havana abrangendo uma ampla gama de interesses comerciais, de investimentos em infra-estrutura e hotelaria à fornecimento de petróleo.
“O governo cubano não tem uma posição forte”, disse de Havana a ex-diplomata cubana Miriam Leiva. “Depende de o governo russo lhe dar petróleo, comida e dinheiro. Eles até estão permitindo que terras cubanas sejam arrendadas para investidores russos, pela primeira vez.”, declarou Leiva.
“Há um compromisso muito grande do presidente pessoalmente em apoiar a invasão russa da Ucrânia e a guerra. Isso nos distancia da comunidade internacional e nos deixa isolados.”, concluiu sobre o assunto.
Fontes: Ryazan Gazette / Miami Herald / NBC News / Twitter