Há cinquenta anos atrás, dois homens, um com 35 e outro com 28 anos, estavam placidamente instalando fios telefônicos transatlânticos a 150 milhas de distância da Irlanda, dentro de um pequeno submersível chamado Pisces III. Subitamente, a escotilha da sala de máquinas foi acidentalmente aberta pelo navio de superfície à qual o submersível estava amarrado. Um solavanco mais forte indicou que algo estava muito errado.
ara Roger Mallinson e Roger Chapman, certamente parecia o fim.
Mais de uma tonelada de água invadiu de repente o submersível. Consequentemente, o veículo se tornou muito pesado, fazendo com que o cabo que unia o Pisces III ao navio se rompesse. Em pouco tempo, o pequeno submersível com sua tripulação de dois homens atingiria o fundo do oceano a uma velocidade de mais de 50 km/h.
“Foi muito assustador. Parecia um bombardeiro de mergulho stuka com seus motores barulhentos. Os medidores de pressão girando…”, disse Mallinson à BBC, em 2013.
“Foram cerca de 30 segundos até atingirmos o fundo. Desativamos o medidor de profundidade a 500 pés, pois poderia ter estourado, pegamos almofadas e nos enrolamos para tentar evitar lesões. Conseguimos encontrar um pano branco para colocar na boca, para não mordermos a língua também.”, explicou.
A dupla conseguiu contato por telefone com a superfície para relatar que haviam sobrevivido ao impacto. O suprimento de oxigênio, no entanto, diminuía a cada minuto.
“Totalmente imóveis”
Para reduzir o uso de oxigênio, os dois evitavam falar e tentavam ficar o mais imóveis que podiam. A bordo, havia um único sanduíche e uma lata de soda limonada para alimentar ambos sabe-se lá por quanto tempo.
“Quase não nos falamos, apenas agarrávamos a mão um do outro e apertávamos para mostrar que estávamos bem”, disse Mallinson.
Para conservar oxigênio, os náufragos decidiram permitir que o nível de gás carbônico subisse além do limite. “Isso nos deixou um pouco letárgicos e sonolentos.”, explicou Mallinson. Sonolência é um dos primeiros sintomas de falta de oxigênio.
Ao mesmo tempo, na superfície, as equipes de resgate enfrentavam uma sucessão de problemas técnicos enquanto tentavam fazer o resgate.
Três dias de espera
Três dias após o acidente, o submersível de resgate conseguiu prender um gancho e uma corda de reboque especialmente projetados ao Pisces III e, finalmente, içaram a embarcação até a superfície.
Ainda assim, demorou mais 30 minutos para que as equipes de fora conseguissem finalmente abrir a escotilha do submersível.
“Tínhamos 72 horas de suporte de vida quando começamos o mergulho, mas conseguimos prolongar mais 12,5 horas. Quando olhamos para o cilindro [ao sair], tínhamos [apenas] 12 minutos de oxigênio sobrando”, declarou Chapman sobre o corrido.
Mallinson disse à Sky News que uma das partes mais importantes de sua sobrevivência era a capacidade dele e de Chapman de cuidar um do outro durante todo o calvário.
“Cuidamos um do outro e acho que isso foi um grande salva-vidas”, declarou Mallinson.
Fontes: BBC / Sky News / Wikipedia / US Navy / Ny Post