O Kursk era um submarino nuclear que afundou durante o primeiro grande exercício naval russo depois do fim da União Soviética. O Kursk era importante para a Rússia pois era referência do domínio do país em termos de energia nuclear. No entanto, o que deveria ser um simples exercício de rotina acabou sendo o pior pesadelo para a tripulação altamente treinada.
No dia 12 de agosto de 2002, a embarcação pelo nome de K-141 explodiu e afundou nas profundezas do Oceano Ártico, matando todos a bordo.
118 tripulantes morreram no submarino da Classe Oscar II, construído em 1994 e designado para a Frota do Norte da Rússia. A operação de resgate durou dias, envolvendo até mesmo outras nações, como a Grã-Bretanha. Contudo, ninguém conseguiu estabelecer uma conexão de rádio com a embarcação. Além disso, o resgate foi prejudicado devido as águas geladas, tempo ruim e baixa visibilidade.
A teoria mais concreta e altamente fundamentada sobre o incidente é de que o uso de combustível de qualidade inferior em um torpedo acabou provocando uma explosão. O problema com o torpedo desencadeou uma explosão que levou a outra explosão de proporções ainda maiores, o que selou o destino do submarino russo.
A força e o impacto das explosões no Kursk levaram na época ao temor de um iminente desastre nuclear. No entanto, esses temores logo foram descartados, pois nenhuma atividade nuclear anormal estava sendo realizada no submarino. Além disso, os reatores nucleares, felizmente, estavam desligados.
Resgate tardio
O submarino afundou após as duas explosões. Na correria que se seguiu, 23 tripulantes conseguiram se refugiar no compartimento traseiro da embarcação e esperaram por ajuda. A profundidade do local era de cerca de 120 metros.
No entanto, para os sobreviventes, já era tarde demais. Quando os mergulhadores noruegueses abriram a escotilha, quase uma semana depois, todos foram encontrados mortos. A causa da morte provavelmente foi envenenamento por monóxido de carbono.
O desorientado comando da marinha russa esperou muitas horas antes de lançar uma operação de busca e salvamento. A marinha russa tentou enviar mini-submarinos para realizar o resgate, que falharam na missão.
No final, o presidente Vladimir Putin foi duramente criticado por sua forma inadequada de lidar com o esforço de resgate.
Governo russo negou ajuda internacional
Um dos fatos mais chocantes da época foi que o alto comando russo chegou, inclusive, a recusar ofertas de assistência ocidental, o que prejudicou, e muito, futuras tentativas de resgate. As autoridades russas se recusavam a aceitar a gravidade da situação. Por repetidas vezes, os russos negaram as ofertas de ajuda de resgate do Reino Unido e dos Estados Unidos. Essa recusa total em aceitar a ajuda tão necessária poderia ter salvo as 23 vidas a bordo do submarino.
No fim, a atitude das autoridades russas foi recebida pelo mundo inteiro de forma extremamente negativa. O evento abalou a nação inteira e pôs em xeque a competência dos militares russos.
Quando o governo russo finalmente cedeu e a ajuda estrangeira de resgate foi autorizada, cinco dias após o acidente, já era tarde demais. Todos os 118 tripulantes do Kursk haviam morrido. Os 23 marinheiros que sobreviveram às explosões iniciais teriam morrido cerca de seis a oito horas depois no compartimento traseiro do submarino.
Cada família de marinheiro falecido no acidente ganhou um apartamento e 720.000 rublos, o que representa mais de 20.000 dólares de indenização. O capitão Igor Kurten, chefe do Clube de Submarinistas de São Petersburgo, disse que foi a primeira vez que o governo russo ofereceu uma compensação adequada às vítimas de uma tragédia.