O ex-chefe da Inteligência de Defesa de Israel, Amos Yadlin, de acordo com o jornal israelense Times of Israel, expressou preocupação sobre os planos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de visitar a China, alertando para consequências prejudiciais aos interesses de Israel.
Comparando a estratégia de Netanyahu à política de “diversificação de apoios” adotada pela Arábia Saudita, Yadlin argumentou que Israel não possui as mesmas condições de negociação que a Arábia Saudita e que essa visita poderia ser um erro estratégico.
Essas preocupações surgem em um momento de tensão crescente entre Israel e os Estados Unidos, com o governo Biden se tornando mais crítico em relação às políticas israelenses.
Amos Yadlin afirmou que uma visita à China não fortaleceria a posição de Israel em relação aos Estados Unidos, pretendendo que Netanyahu deveria se concentrar em seguir nos objetivos estratégicos com Washington, como impedir o programa nuclear iraniano e buscar um acordo de paz com a Arábia Saudita.
Em uma série de postagens no Twitter, ele afirmou que a medida parecia ser uma tentativa israelense de imitar a política saudita de “diversificação de apoios”, mas alertou que essa abordagem prejudicaria os interesses israelenses, em vez de promovê-los.
“O briefing sobre a intenção do primeiro-ministro de visitar a China no próximo mês, como um sinal ao governo Biden de que Israel tem alternativas estratégicas a um apoio poderoso, é uma tentativa israelense de imitar a política saudita de ‘diversificação de apoios’. Este é um movimento que prejudicará o interesse israelense e não o promoverá”, escreveu Yadlin.
Além disso, Yadlin destacou a diferença entre Israel e a Arábia Saudita, enfatizando que o país não possui a mesma independência dos Estados Unidos. Israel recebe assistência militar anual dos EUA, depende do veto americano no Conselho de Segurança da ONU e possui sistemas de armas avançados fornecidos pelos Estados Unidos.
A Arábia Saudita, por sua vez, não sofre com essas mesmas dependências e parcerias estratégicas com os EUA. Portanto, Yadlin argumentou que Israel deve se concentrar em seus objetivos estratégicos com os EUA, como impedir que o Irã obtenha energia nuclear e buscar a normalização de armas com a Arábia Saudita.
Yadlin também destacou a diferença ideológica e estratégica entre Israel e a China. Ele mencionou que a China vota regularmente contra Israel na ONU, é um apoiador dos palestinos e tem uma aliança estratégica com o Irã. Além disso, ele afirmou que a China não pode ser equiparada aos EUA em termos de segurança e cooperação estratégica.
Esses fatores levaram vários legisladores e oficiais israelenses não identificados a criticar os planos de Netanyahu, alertando para os riscos de Israel se tornar um peão na guerra fria entre China e EUA.
A visita de Netanyahu à China ocorre em um contexto em que as relações entre Israel e China têm preocupado os EUA, especialmente em relação a tecnologias de uso duplo que podem ter aplicações militares.
Embora Israel tenha regulamentos para evitar a venda de tecnologia militar sensível para a China, houve um aumento nas relações de incentivo e interesse chinês nas inovações israelenses.