Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), Senado Federal, 4 de maio de 2023:
“Esse gerenciamento, essa proteção dos recursos de maneira a propiciar a sua exploração sustentável requer a presença de meios. E a realidade hoje é esta: por imposição e por restrições severas de orçamento, que impedem a devida manutenção ou reaparelhamento da Força, vejam as senhoras e os senhores que eu, até 2028, darei baixa em 40% da Força.”
“Em termos de governança orçamentário-financeira, é assim que está distribuído o orçamento da Força: 88% do orçamento hoje é de despesas obrigatórias, compostas de pagamento de pessoal, assistência médico-odontológica, movimentação em diária, ajuda de custo, auxílio-fardamento…”.
“É inadmissível uma Força que não tenha capacidade de causar dano, e capacidade de causar dano exige treinamento, exige munição, exige óleo, exige manutenção dos seus bens. Então, exatamente em função daquele quadro orçamentário, nós temos perdido capacidade de atuação em todo aquele espaço.”
As preocupantes declarações acima, publicadas pela Revista Sociedade Militar, foram feitas pelo Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha do Brasil.
No entanto, a julgar pela Portaria nº 165/MB/MD, de 4 de julho de 2023, o tom apocalíptico das palavras do Almirante aparentemente tinha prazo certo (60 dias) para arrefecer…
Dois meses após as afirmações feitas aos congressistas, o Comandante da Marinha resolveu criar, dentro da Estrutura Regimental do Comando da Marinha, o Centro de Intendência da Marinha em Brasília, que será uma organização militar com autonomia administrativa, em Brasília, subordinada ao Comando do 7° Distrito Naval.
O objetivo da nova unidade militar será – conforme texto publicado no Diário Oficial da União – contribuir para o aprestamento e o emprego das Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais, subordinadas ou adjudicadas ao Com7°DN.
BRASIL, EXPORTADOR DE SUBMARINOS
…E não é só isso, a Marinha quer mais.
Durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, realizado ontem – dia 5 de julho – o Ministro da Defesa atualizou o presidente Lula sobre a indústria de defesa. Segundo José Múcio, “o Brasil pode produzir submarinos para toda a América Central”.
A animação do Ministro se deve certamente às tratativas realizadas com o Ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, a respeito do desenvolvimento do Programa de Submarinos (PROSUB), projeto estratégico da Marinha do Brasil e resultado de uma parceria com a França que prevê transferência de tecnologia.
Criado em 2008, o programa prevê a construção de quatro submarinos de propulsão diesel-elétrica e do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, além da construção de um complexo de infraestrutura industrial, que engloba os estaleiros, a Base Naval e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), em Itaguaí, no Rio de Janeiro.
O Riachuelo, o primeiro submarino de propulsão diesel-elétrica, já entrou em operação. O segundo, o Humaitá, tem previsão para começar a operar em 2023.
Até a sua conclusão, o Programa deve gerar 60 mil empregos diretos e indiretos. A Base Industrial de Defesa representa cerca de 5% do PIB brasileiro e gera 2,9 milhões de empregos diretos e indiretos.
Abaixo no twitter do jornal Metrópoles, o leitor poderá conferir as palavras do Ministro José Múcio Monteiro.
https://twitter.com/Metropoles/status/1676993968666492928