Segundo o The Moscow Times, o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu não comparecer à cúpula dos Brics na África do Sul por acordo mútuo, anunciou o governo sul-africano. “Acordo mútuo” entre aspas, pois a decisão segue preocupações relacionadas a um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra Putin por supostos crimes de guerra na Ucrânia.
A África do Sul enfrentou um dilema ao sediar a cúpula porque, como membro do Tribunal Penal Internacional (TPI), teoricamente seria obrigada a prender Putin por supostos crimes de guerra se ele participasse.
Em março, o TPI emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando-o do crime de guerra de deportar crianças ilegalmente da Ucrânia, como noticiado aqui na Revista Sociedade Militar. A Rússia, por sua vez, disse que o mandado é legalmente nulo, já que não é membro do TPI.
A África do Sul, como membro do Tribunal Penal Internacional, seria obrigada a prendê-lo se ele participasse da cúpula. Para evitar possíveis problemas e tensões diplomáticas, Putin optou por não comparecer e será representado pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
“De comum acordo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará da cúpula, mas a Federação Russa será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Sr. [Sergey] Lavrov”, disse Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, em um comunicado.
Segundo a agência Reuters, em documentos judiciais divulgados em junho, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa pediu permissão ao TPI para não prender Putin, argumentando que isso seria equivalente a uma declaração de guerra e prejudicaria os esforços da África do Sul para negociar um acordo de paz na Ucrânia.
A decisão de não prender Putin pode ter sido uma forma de evitar tensões com a Rússia e seus principais parceiros econômicos ocidentais. O BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, apresenta-se como um contrapeso à dominação econômica ocidental.