O presidente americano Joe Biden deixou escapar oficialmente que a base industrial de defesa dos EUA enfrenta dificuldades para reabastecer as dezenas de bilhões de dólares em armamentos enviados à Ucrânia para combater a Rússia. Recentemente, Biden foi duramente criticado pelo que a imprensa chama de “tentativa de justificar o envio de munições cluster para a Ucrânia”.
O presidente admitiu que Kiev e Washington estão ficando sem munição para seus obuses de 155 milímetros.
“Esta é uma guerra relacionada a munições. Eles estão ficando sem munição, e [nós] estamos com pouca”, disse Biden em uma entrevista televisionada na sexta-feira. Minutos antes, Washington anunciou a entrega acelerada de bombas de fragmentação do tipo M864 para a Ucrânia.
Munições se esgotando
Os comentários do presidente foram repetidos pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, que confirmou no domingo que os EUA estavam ficando sem munições para seus obuses.
“Os ucranianos estão usando a artilharia em um ritmo muito acelerado, muitos milhares de disparos por dia. E estão ficando sem estoque”, disse Kirby.
“Estamos tentando aumentar nossa produção do tipo de projétil de artilharia que eles mais usam. Mas essa taxa de produção ainda não está onde queremos.”, reiterou.
“Portanto, enviaremos esses projéteis de artilharia adicionais que contêm bombas de fragmentação para ajudar a preencher a lacuna à medida que aumentamos a produção dos 155 projéteis de artilharia normais”, acrescentou o porta-voz, justificando o envio de bombas de fragmentação à Ucrânia.
Europa enfrenta problema similar
O setor de defesa da Europa também enfrenta problemas que vão desde a escassez de trabalhadores qualificados até a falta de componentes e recursos, burocracia e sobretudo hesitação dos bancos em conceder empréstimos a empresas de armamentos por medo de que isso possa afetar suas classificações ambientais e sociais.
Na Alemanha, a maior economia industrial da Europa, o Ministério da Defesa exige permissão do parlamento para qualquer pedido de defesa de cerca de 25 milhões de euros. Esse valor seria o para cerca de 7.500 projéteis de 155 mm, que não durariam nem um dia na Ucrânia em meio à atual intensidade dos combates.
A gigante regional de defesa Rheinmetall mantém dois locais de produção de armamentos. Além disso, está planejando uma expansão em outros dois, um na Hungria e outro na Alemanha. Mas as negociações no local de produção alemão foram interrompidas devido ao pedido da companhia por subsídios generosos, que Berlim hesita em fornecer. Um porta-voz da Rheinmetall disse que se “a capacidade de explosivos e pólvora na Europa não for expandida em breve”, a região terá “muito dificuldade” em atender a demanda.
Tempo é fator determinante
Em entrevista ao jornal Sputnik, o major-general Vallely, presidente da Stand Up America Foundation, falou principalmente sobre suas perspectivas para o futuro. “Os EUA e a Europa podem ter orçamentos militares muito superiores aos de seus rivais globais, mas há vários fatores que ajudam a explicar seu esgotamento e incapacidade de expandir a produção”, comentou Valelly.
Apesar dos membros da OTAN falarem sobre orçamentos de defesa recordes, Vallely sugere que a aliança não será capaz de aumentar substancialmente as capacidades de produção nos próximos meses e anos.
“Custa muito dinheiro aos países construir este equipamento. E há uma economia em dificuldades na Europa e nos Estados Unidos.”, declarou Vallely. “Podem imprimir todo o dinheiro que quiserem, mas ainda assim você tem que construir essas coisas e leva muito tempo”, observou o major-general.
Fontes: Sputnik