O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou, em evento promovido pela Transparência Internacional nesta terça-feira (01/7), que as áreas próximas a quartéis, que são áreas de segurança, não poderiam ter sido ocupadas e acusou o Exército de condescender com os ataques ocorridos em janeiro. Ele destacou que a polícia tentou remover um acampamento de apoiadores de Bolsonaro em dezembro, mas foi impedida pelos militares.
Tentativa de remoção do acampamento
Segundo a Folha de São Paulo, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, revelou que, por duas vezes, a Polícia federal tentou remover o acampamento de apoiadores de Bolsonaro em frente ao quartel do Exército em Brasília em dezembro.
No entanto, a polícia foi impedida pelo próprio Exército, que não permitiu a retirada das pessoas do acampamento.
Quando nós fomos de novo, no dia 8 de janeiro lá, tinha tanque de guerra na rua impedindo que a polícia entrasse para retirar aquelas pessoas do acampamento. Então, isso é uma sequência”. disse Andrei.
Ele afirmou ainda que houve “complacência de várias entidades e órgãos públicos de manutenção daqueles acampamentos”.
Condescendência com os ataques de 8 de janeiro
O diretor-geral da PF acusou as autoridades de terem sido condescendentes com os ataques ocorridos em 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram e depredaram sedes dos Três Poderes em Brasília.
Ele afirmou que o Exército sabia que a possibilidade de um golpe ser bem-sucedido era praticamente inexistente, mas mesmo assim permitiram que o acampamento de apoiadores se mantivesse. Segundo o jornal O Globo,
“Era um acampamento de criminosos, que reunia pessoas que estavam tramando um golpe de Estado. O que houve foi uma negligência de várias entidades, de vários órgãos públicos. (…) Verbalizei e inclusive formalizei isso num ofício, dizendo que aquelas pessoas precisavam ser contidas no acampamento, caso contrário elas iriam invadir o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto. Não sou vidente, só estava vendo as coisas”, declarou o chefe da PF em evento sobre os dez anos da Lei Anticorrupção realizado pela Transparência Internacional em parceria com o Insper
Responsabilidade pelas ações
Andrei Rodrigues ressaltou ainda que as autoridades foram negligentes e não tomaram as medidas necessárias para evitar o ato golpista. Nesse momento ele cita o atual ministro da Defesa, que recebeu o o ofício enviado por Andrei sobre a possibilidade de ocorrer os atentados. O Globo lembra ainda de uma entrevista realizada no dia 9 de julho em que o chefe da PF teria criticado a atuação da Polícia Militar na invasão aos prédios do Congresso, do Planalto e do STF.
Aquilo ali para mim mostrou que deliberadamente havia o interesse que o cais fosse instaurado e acontecesse o que aconteceu”, disse.
Vale lembrar que o discurso do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, vem um dia após sair o Inquérito Policial Militar aberto pelo Exército para apurar a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro concluiu que os atos do 8 de janeiro apontam erros do governo Lula e da segurança do Distrito Federal.