O Vice-Chefe do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, alertou sobre a crescente possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial caso os sinais vindos da Rússia continuem a ser ignorados pelos opositores no Ocidente. Em uma entrevista ao site russo TASS, Medvedev expressou a preocupação de que os movimentos agressivos por parte dos oponentes ocidentais estão empurrando o mundo em direção a um conflito global de grande escala.
Medvedev fez referência ao conflito ocorrido em 2008, quando a Rússia respondeu vigorosamente à agressão da Geórgia. Ele afirmou que o evento deveria ter sido servido como um sinal claro aos Estados Unidos e aos países aliados da OTAN sobre a importância de considerar as preocupações de Moscou. No entanto, segundo ele, esses sinais não foram reconhecidos na época.
“Falando francamente, teria sido definitivamente melhor se eles os tivessem ouvido [os sinais]. Em qualquer caso, o mundo não teria de enfrentar a ameaça da Terceira Guerra Mundial. Na verdade, é aqui que os nossos oponentes pressionando ativamente todos “, disse ele.
Ao relembrar a falta de resposta dos países ocidentais à ocorrência russa após o conflito com a Geórgia, o Vice-Chefe do Conselho de Segurança Russo ressaltou que a negligência em compreender as preocupações da Rússia pode levar a consequências graves e perigosas para a segurança global.
“Eles não conseguiram ouvir os nossos sinais”, enfatizou Medvedev.
Conflito entre Rússia e Geórgia
O conflito entre Geórgia e Rússia, conhecido como Guerra russo-georgiana, foi um confronto armado que ocorreu em agosto de 2008 na região do Cáucaso. A causa principal do conflito foi a disputa sobre as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abecásia, ambas localizadas dentro do território georgiano, mas com apoio russo.
Em abril de 2008, a Otan disse que a Geórgia poderia no futuro vir a ser um membro da OTAN- o que irritou a Rússia, que se opõe à expansão da aliança para o leste. Semanas depois, a Rússia reforçou os seus laços com as regiões de Ossétia do Sul e Abecásia.
O que a Geórgia queria? Reafirmar sua soberania e recuperar o controle sobre a Ossétia do Sul, que havia declarado independência não reconhecida internacionalmente.
O conflito foi desencadeado quando a Geórgia lançou uma operação militar para retomar o controle da Ossétia do Sul, que buscava se unir ao território georgiano.
A Rússia, alegando proteger os cidadãos russos étnicos na região, respondeu com uma intervenção militar contínua, avançando tanto na Ossétia do Sul quanto na Abecásia. No entanto, a presença militar russa nas regiões separatistas manifestou preocupações sobre os seus reais objetivos.
Para a Geórgia, a guerra visava recuperar o controle territorial e garantir a integridade do país, desafiando as aspirações separatistas das regiões em questão.
A Rússia, por sua vez, tinha objetivos multifacetados. Além de proteger seus cidadãos étnicos que vivem na Geórgia, a Rússia também tinha interesses geopolíticos em enfraquecer a influência da União Europeia e da Otan na Geórgia e consolidar sua própria presença na região do Cáucaso.
Após cerca de cinco dias de combates, um cessar-fogo foi negociado, com mediação da França e do presidente francês Nicolas Sarkozy, que detinha a presidência da União Europeia à época.
As partes concordaram em retornar às posições anteriores ao conflito, mas a Rússia cumpriu a independência da Ossétia do Sul e Abecásia, o que foi totalmente condenado.
A Rússia consolidou sua presença militar nas regiões separatistas, a Geórgia perdeu parte de seu território e as fronteiras geopolíticas e minorias na região persistiram e moldaram as relações internacionais no Cáucaso.