Durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU acerca da Ucrânia, Sergey Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da Rússia, mencionou um aumento percebido no risco de um conflito global. Lavrov destacou a relevância de aderir aos princípios da Carta das Nações Unidas e expressou preocupações sobre o que ele percebe como uma falta de diálogo significativo do Ocidente sobre as origens do conflito na Ucrânia.
No discurso feito na ONU, Lavrov abordou suas preocupações sobre os riscos crescentes de um conflito global e a importância de respeitar os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas, como a igualdade soberana dos Estados e o respeito pela integridade territorial. Ele afirmou que a Rússia defende a aplicação consistente e não seletiva desses princípios.
Lavrov também expressou o desejo de continuar as negociações com a Ucrânia, apesar dos desafios, e reiterou que a Rússia permanece comprometida com as negociações.
“Falando em negociações – não as estamos abandonando mesmo agora, o Presidente Putin falou sobre isso muitas vezes, inclusive recentemente”
Ele mencionou um decreto do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que, segundo ele, impede as negociações, sugerindo que os EUA poderiam intervir para revogar esse decreto se estivessem comprometidos com as negociações.
“Se os EUA estão tão interessados neles, penso que não será difícil ordenar que este decreto de Zelensky seja cancelado”, adicionou o ministro.
Lavrov acusou os países ocidentais de não abordarem as causas subjacentes do conflito na Ucrânia, utilizando termos como “invasão” e “agressão” e apoiando, segundo ele, um regime ucraniano que reinterpreta a história da Segunda Guerra Mundial.
“Hoje, na retórica dos nossos oponentes, ouvimos apenas slogans: ‘invasão, agressão, anexação’. Nem uma palavra sobre as causas profundas do problema, sobre como durante muitos anos eles têm alimentado um regime flagrantemente nazista que reescreve abertamente o resultado da Segunda Guerra Mundial e a história do seu próprio povo. O Ocidente está evitando um diálogo substantivo baseado em fatos e respeito por todos os requisitos da Carta da ONU. Aparentemente, não há argumentos para um diálogo honesto”, afirmou Lavrov.
Ele também afirmou que a interferência ocidental nos acordos de Minsk contribuiu para os problemas na Ucrânia e criticou o que ele vê como uma relutância do Ocidente em discutir questões profundas relacionadas ao conflito.
“O Ocidente, que perturbou o seu cumprimento [dos Acordos de Minsk], é diretamente responsável pelo colapso da Ucrânia e pela guerra civil que eclodiu lá”, afirmou o ministro.
Lavrov também destacou a necessidade de considerar as consequências humanitárias das decisões do Conselho de Segurança da ONU e criticou o que ele percebe como a exploração dos princípios da Carta das Nações Unidas por interesses geopolíticos.
Finalmente, Lavrov sugeriu que a Assembleia Geral da ONU deveria examinar não apenas o uso do veto, mas também as razões para a não implementação das resoluções do Conselho de Segurança.
“Uma vez que o procedimento para discussão de casos de veto na Assembleia Geral foi aprovado, por que não pensar também naquelas resoluções do Conselho de Segurança que não foram vetadas, foram adotadas, inclusive há muitos, muitos anos, mas ainda não são implementadas, apesar das disposições do Artigo 25 da Carta. Por que a Assembleia Geral não deveria considerar as razões para este estado de coisas?”, afirmou Lavrov.
Fonte: Sputnik