Após um ano da explosão dos gasodutos Nord Stream, a União Europeia (UE) está se movendo em direção a uma dependência significativa da energia dos Estados Unidos. A alta funcionária de energia da UE, Ditte Juul Jørgensen, afirmou que a Europa precisará do gás dos EUA por décadas, sinalizando uma mudança fundamental na política energética do bloco. À época, a Rússia foi acusada de estar por trás da explosão, mas negou qualquer envolvimento no caso e devolveu a acusação para a Inglaterra.
Um ano após a explosão dos gasodutos Nord Stream, ocorrida em setembro de 2022, a diretora-geral de energia da Comissão Europeia (UE), Ditte Juul Jørgensen, declarou que a UE terá uma necessidade contínua de gás natural dos Estados Unidos (EUA) por várias décadas. Isso ocorre em meio a esforços da UE para diversificar o fornecimento de gás da Rússia e ampliar a capacidade de energia renovável para garantir a segurança energética na região.
“Precisaremos de algumas moléculas fósseis no sistema nas próximas décadas. E, nesse contexto, haverá necessidade de energia americana”, disse Jørgensen, diretora-geral de energia da Comissão Europeia, numa entrevista ao Financial Times.
Vale lembrar que o gasoduto Nord Stream era o principal responsável pela energia da União Europeia. O gasoduto transportava gás natural da Rússia para a Alemanha, através do Mar Báltico. Antes da sua destruição, o Nord Stream fornecia cerca de 50% do gás natural da Alemanha e 30% do gás natural da União Europeia.
A destruição dos três gasodutos foi um golpe significativo para a segurança energética da Europa, que depende fortemente do gás natural russo, e a perda de um importante gasoduto aumentou a sua dependência da Rússia.
As declarações de Jørgensen marcam uma mudança significativa na política energética da UE. Antes, a UE dependia em grande parte do gás natural russo, que era entregue através de gasodutos seguros e representava uma fonte relativamente limpa e econômica. No entanto, a guerra na Ucrânia e a preocupação com a segurança energética levaram a UE a procurar alternativas.
A UE assinou um acordo com os EUA para importar um adicional de 50 milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL) anualmente até, pelo menos, 2030. Isso foi verificado em um aumento das exportações significativas de GNL dos EUA para a UE, aumentando 141%, ou seja, mais do que dobrando em 2022, atingindo 56 bilhões de metros cúbicos.
Empresas americanas de GNL, como a Cheniere Energy e a Venture Global LNG, estão se beneficiando desse aumento nas exportações. Eles firmaram contratos de fornecimento a longo prazo com empresas europeias, garantindo o fornecimento de GNL dos EUA à Europa por décadas.
No entanto, essa mudança não está isenta de críticas. Ativistas ambientais e alguns políticos expressaram preocupações de que a dependência do GNL americano possa prejudicar as metas climáticas da UE. É o caso do eurodeputado irlandês Ciaran Cuffe.
“O aumento da infraestrutura de combustíveis fósseis vai contra esse objetivo”, disse Ciaran, eurodeputado irlandês dos Verdes.
“É míope aumentar nossa dependência de GNL e gás fracked, ponto final. Em última análise, nosso foco tem que ser reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis. Impulsionar a adoção de renováveis é uma prioridade e já está superando as expectativas”, completou.
Enquanto a UE busca aumentar a segurança energética e evitar o gás russo, ela enfrenta um desafio complexo para equilibrar suas metas climáticas e ambientais.
Em resumo, a guerra na Ucrânia desencadeou uma mudança significativa na política energética da UE, fazendo-a depender cada vez mais da energia dos EUA, o grande vencedor da guerra interminável guerra na Ucrânia. Isso tem implicações importantes para a segurança energética e ambiental da Europa nas próximas décadas.