O cenário internacional continua a se desenrolar, e a postura da Rússia em relação à resolução proposta pelo Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito do conflito entre Israel e o grupo Hamas merece análise crítica. Em meio à guerra entre Israel e o Hamas, a Rússia pressionou o Brasil a alterar sua proposta de resolução da ONU sobre o conflito. O pedido da Rússia é no mínimo intrigante, já que coloca em questão a soberania brasileira em decisões que dizem respeito ao país.
O Brasil, atualmente na presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, apresentou uma resolução que condena de maneira firme os ataques terroristas do Hamas, pede um cessar-fogo entre Israel e Hamas, uma liberação de reféns e uma permissão para ações humanitárias nas áreas de conflito.
Essa resolução expressa uma postura que visa a proteção da população civil e o fim das hostilidades na região, com destaque para as publicações das ações do grupo extremista Hamas, algo que os Estados Unidos já sinalizaram apoio.
No entanto, a Rússia, sem ter solicitado anteriormente o seu documento a outros membros do Conselho de Segurança, apresenta duas alterações que se reportam às notificações de ataques na Faixa de Gaza e à solicitação de um cessar-fogo humanitário.
A Rússia propôs uma resolução que condena apenas os ataques “indiscriminados” contra a população civil em Gaza. Veja abaixo o que disse o vice representante permanente russo nas Nações Unidas, Dmitry Polyansky, nesta segunda-feira, 16 de outubro, na plataforma “X” (antigo Twitter).
“A Presidência Brasileira do UNSC (Conselho de Segurança da ONU) marcou a votação do nosso projeto de resolução humanitária para o dia #Gaza às 18h de hoje. Também soubemos que um segundo projeto será votado depois do nosso. Estamos convencidos de que o nosso projeto responde melhor às necessidades humanitárias da população civil em Gaza e não contém elementos políticos que possam dividir os membros do CSNU e afetar o seu papel na resolução da crise. Por conseguinte, a fim de equilibrar o segundo projeto, propusemos duas alterações que condenam os ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza e apelam a um cessar-fogo humanitário para aliviar a terrível situação da população civil em Gaza”, disse o representante russo.
E continuou
“Apenas uma atualização sobre o nosso projeto de resolução humanitária sobre #Gaza. Nós o distribuímos ontem entre os membros do Conselho de Segurança e solicitamos uma votação na segunda-feira, às 15h. Esperamos que a Presidência Brasileira do Conselho confirme isso em breve. Para nossos colegas dos estados membros da ONU: o texto está aberto para copatrocínio no portal dos delegados. Sinta-se à vontade para apoiar! Precisamos de enviar uma mensagem clara às partes em conflito”, concluiu Dmitry.
Pressão russa
A mudança proposta pela Rússia é vista como uma tentativa de pressionar o Brasil a adotar uma posição mais favorável ao Hamas, que é considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
Além disso, a versão russa da resolução não nomeia especificamente o Hamas como responsável pelas ações violentas, algo que os EUA insistem em fazer.
PT aliado da Rússia
A situação se torna ainda mais complexa devido à resolução aprovada pelo Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), que apoia a criação de dois Estados Nacionais, Israel e Palestina, condenando tanto os atos de violência do Hamas quanto a postura de Israel.
O Brasil, sob o atual governo Lula, tem se valido de uma retórica equilibrada e feito esforços na ONU para buscar um cessar-fogo e cumprir resoluções que garantam a existência do Estado da Palestina, embora tenha problemas diplomáticos com Israel.
À parte as questões complexas enfrentadas pelo Brasil na arena internacional, é fundamental que sua soberania e liderança no Conselho de Segurança da ONU sejam respeitadas. As relações internacionais tornam possíveis o diálogo e a cooperação, e os esforços para promover a paz no Oriente Médio devem ser apoiados, independentemente das divergências.
Fonte: Poder 360