Em recentes publicações sobre geopolítica na América Latina, a revista do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA (SOUTHCOM) tem alertado sobre os riscos de alianças entre países da América Latina e nações consideradas “não democráticas”. A preocupação tem escalado em meio à crescente influência de potências como China, Rússia e Irã na região. Na imagem de destaque de um de seus últimos artigos a revista usou um cartaz com o rosto de Putin mesclado com o de Nicolás Maduro, dando a entender que acredita que Putin de alguma forma influencia nas decisões tomadas por Nicolás Maduro.
Pelo número de publicações recentes que se conta no site Diálogo Américas, revista financiada pelo Departamento de Estados Unidos muito lida por comandantes militares das Forças Armadas do Brasil, Colômbia, Perú e Argentina, percebe-se que os militares norte-americanos estão cada vez mais preocupados com a influência da China e Rússia, além das aproximações Irã, sobre nações da América do Sul e América Central.
Os Estados Unidos até há pouco tempo eram hegemônicos na região. No mês de novembro, por exemplo, militares dos EUA estarão em um grande exercício militar na Amazônia, junto com militares brasileiros. Entretanto, no Brasil já se percebe vários questionamentos sobre os motivos de privilegiar os norte-americanos no que diz respeito a alianças militares.
Conforme publicado na Dialogo Américas, de acordo com um relatório do think tank norte-americano The Heritage Foundation, países autoritários como China, Irã e Rússia têm utilizado ditaduras na América Latina, como Cuba, Nicarágua e Venezuela, como porta de entrada para expandir sua influência. Estas nações, segundo a fundação, aproveitam-se da corrupção e instabilidade política destes países para manipular processos eleitorais, infiltrar-se em governos e controlar setores empresariais estratégicos.
Carlos Sánchez Berzaín, diretor da ONG Instituto Interamericano para a Democracia, destaca que a aliança ditatorial nas Américas é liderada por Cuba e inclui Venezuela, Nicarágua e Bolívia. Estes regimes, segundo ele, concentram poder e utilizam o terrorismo de Estado para dominar e gerar medo na população.
A presença destas potências na Venezuela é particularmente notável. A Rússia busca aumentar sua influência no Caribe, enquanto a China foca em estabelecer relações comerciais, uma estratégia comum de Pequim para consolidar sua presença geopolítica global.
O Irã, por sua vez, teria interesses ligados ao fundamentalismo islâmico e atividades terroristas, aproveitando-se da vulnerável fronteira venezuelana.
A Nicarágua, assim como a Venezuela, busca fortalecer seus laços com Pequim, Moscou e Teerã. No entanto, essa aproximação é vista como podendo colocar o país em uma posição delicada, uma vez que essas potências têeriam, segundo os EUA, o objetivo de transformar a América Latina em um território estratégico para ameaçar os Estados Unidos.
Em Cuba, segundo a Diálogos, recentemente, foi assinado um acordo confidencial com a China para estabelecer uma base de espionagem eletrônica. Em troca, o regime chinês fornecerá bilhões de dólares à ditadura cubana. Além disso, o Exército de Libertação Popular da China tem intensificado suas visitas à América Latina e estabelecido bases de rastreamento por satélite na região.
Estas alianças entre países designados pelos EUA como autoritários e nações da América Latina têm na visão dos militares norte americanos objetivos que vão além de questões comerciais, teriam como objetivo formar um bloco internacional contra o Ocidente e expandir sua influência na região. A Fundación Libertad, da Argentina, diz que essas relações podem minar a transparência, aumentar a corrupção e enfraquecer as vozes críticas em relação às violações dos direitos humanos.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar