O Brasil está no radar de uma trama global, em que a Rússia russo planeja espalhar desinformação e propaganda sorrateiramente, alerta a Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil.
Com o objetivo de minar o apoio à Ucrânia e promover sentimentos anti-EUA e anti-OTAN, a Rússia estaria financiando uma campanha de manipulação de informações em países como Argentina, Brasil, Colômbia e outros.
A campanha seria financiada por empresas russas de “influence-for-hire” (compra de influência), incluindo aí a compra de jornalistas.
Como funciona a campanha
Segundo a análise da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos, o governo russo estaria financiando uma extensa campanha de desinformação. O objetivo seria ocultar a fonte de propaganda e desinformação, valendo-se de veículos de imprensa locais para propagar conteúdos que pareçam nativos e orgânicos para o público latino-americano.
Num cenário complexo, a Rússia estaria utilizando agências de relações públicas como a Social Design Agency (SDA) e a Structura, além de influenciadores como Ilya Gambashidze e jornalistas pró-Kremlin como Oleg Yasinskiy, para orquestrar essa campanha.
O objetivo seria disfarçar a fonte de propaganda, fazendo com que pareça originada no próprio país (Brasil, Argentina, Colômbia…). A estratégia inclui a criação de conteúdo pró-Rússia na Rússia e sua “localização” por equipes de edição na América Latina.
Os editores com profundo conhecimento de espanhol desempenhariam um papel crucial, usando pseudônimos para obscurecer suas identidades e garantir que a desinformação aparente para o público-alvo. Além disso, Yasinskiy mantém uma vasta rede de jornalistas e veículos de comunicação de língua espanhola e portuguesa para divulgar as mensagens pró-Rússia.
A campanha funciona da seguinte forma:
- Uma equipe na Rússia cria o conteúdo e envia o material à equipe editorial em um país latino-americano, como o
- Brasil, para revisão, edição e, por fim, publicação na mídia de massa local.
- O conteúdo é projetado para parecer orgânico e feito por jornalistas locais.
- A campanha é dirigida por Ilya Gambashidze, diretor da empresa russa de relações públicas conhecida como Social Design Agency.
Temas da campanha
Essa trama, ao que parece, vai além de simples ações de desinformação, envolvendo também a influência de jornalistas e veículos de mídia de língua espanhola e portuguesa.
Os temas divulgados buscariam persuadir a população latino-americana (e brasileira) a apoiar a perspectiva russa sobre o conflito na Ucrânia, apresentando a guerra como justa e encorajando a união com a Rússia contra o que é chamado de neocolonialismo.
A estratégia da Rússia se estenderia ao controle da narrativa, trabalhando ativamente para garantir que os temas difundidos fiquem alinhados com os interesses do governo russo.
Haveria, segundo os norte-americanos, uma colaboração estreita entre as embaixadas russas na América Latina e veículos de imprensa financiados pelo Estado, resultando na propagação de mensagens pró-Rússia e narrativas anti-EUA.
Os temas da campanha se concentram principalmente na tentativa de persuadir o público latino-americano de que:
- A guerra da Rússia contra a Ucrânia é justa;
- A Rússia é um campeão contra o neocolonialismo;
- Os EUA e a OTAN são responsáveis pela guerra na Ucrânia.
Fonte: Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil