A Rússia está tentando recuperar algumas dos armamentos que exportou para outros países nas últimas décadas. Paquistão, Egito, Bielorrúsia e até mesmo o Brasil receberam solicitações para devolver suas aquisições militares ao governo russo.
De acordo com fontes obtidas pelo The Wall Street Journal, em abril passado uma delegação de autoridades russas visitou o Cairo, no Egito. O objetivo, segundo as fontes, seria solicitar ao presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi que devolvesse mais de uma centena de motores de helicópteros russos que Moscou precisava para o seu esforço na guerra contra a Ucrânia.
O presidente egípcio concordou, com as entregas de cerca de 150 motores começando antes do final desse ano.
Rússia deseja recuperar iniciativa no campo de batalha
Ainda de acordo com o The Wall Street Journal, há um enorme esforço da Rússia para procurar ajuda dos seus clientes de longa data. Isso porque diversos países compraram aeronaves, mísseis e sistemas de defesa aérea russos durante décadas, o que colocou Moscou como o segundo maior exportador de armas do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Por conta disso, há uma grande quantidade de equipamentos russos espalhados pelo globo, o que despertou o interesse da Rússia em comprá-los de volta.
Além disso, o governo russo sacrificou parte do seu lucrativo “negócio de exportação de armas” por causa da guerra. Em particular, armas destinadas à Índia e à Arménia estão agora sendo enviadas para a zona de conflito na Ucrânia, de acordo com as mesmas fontes.
O The Wall Street Journal, no entanto, observa que muitos dos esforços de Moscou para comprar de volta as armas russas ocorrem no momento em que o Kremlin resistiu a uma grande ofensiva das forças ucranianas no leste e no sul do país. Com essa ofensiva agora desacelerando, a Rússia está tentando retomar a iniciativa em campo de batalha, embora não esteja claro se os novos suprimentos darão a Moscou os recursos necessários para intensificar seus ataques.
Brasil recusou a oferta
Contudo, em um desdobramento intrigante, o governo brasileiro recusou o pedido da Rússia para a recompra de 12 motores Klimov TV3-117, que equipavam os helicópteros Mi-35 Hind da Força Aérea Brasileira, a FAB. Apesar das relações normais com Moscou, o Brasil optou por manter uma posição de neutralidade no conflito em curso.
A confirmação dessa decisão foi feita por fontes no Itamaraty à renomada jornalista Luciana Magalhães, do The Wall Street Journal. Surpreendentemente, apenas o Egito concordou em vender de volta à Rússia os motores de helicóptero, especificamente os modelos Mi-8/Mi-17, totalizando 150 unidades. Belarus, por receios de uma possível invasão da Polônia, e o Paquistão, alinhado com a postura neutra do Brasil, optaram por não aceitar a proposta.
Até o momento, evidências fotográficas confirmam a perda de 13 helicópteros Hind por parte da Rússia no conflito, enquanto a Ucrânia registra a perda de pelo menos 5 aeronaves desse tipo.
Na FAB, os Hind são chamados de AH-2 Sabre. Os Sabres brasileiros atualmente não estão voando e encontram-se parcialmente desmontados, em Lagoa Santa, Minas Gerais.