A escalada da crise palestina-israelense após os ataques terroristas do dia 7 de outubro é acompanhada por um grande aumento nas tensões regionais. Recentemente, os Estados Unidos destacou dois grupos de ataque de porta-aviões para a região, além de um submarino armado com mísseis de cruzeiro e milhares de fuzileiros navais.
Os Estados Unidos declaram que a mobilização de seus grupos de ataque são uma resposta às ameaças feitas pelo Irã e seus aliados, no meio de uma onda de ataques contra as forças dos EUA na Síria e Iraque.
Por sua vez, as autoridades iranianas têm uma opinião diferente sobre a fonte das tensões. O Irã critica os EUA por “alimentarem uma crise regional”. O Irã rejeita a retórica dos EUA sobre os ataques de “representantes iranianos” contra as forças dos EUA no Iraque e na Síria, dizendo não ter envolvimento nenhum.
Diante de tal cenário, a Revista Sociedade Militar resolveu investigar as potências militares da região e descobrir quem se destaca, e em quais áreas.
1. Israel
As Forças de Defesa de Israel, ou IDF, são consideradas uma das cinco potências militares mais poderosas do Oriente Médio desde o início do país em 1948. Desde então, Israel travou mais de uma dúzia de grandes guerras, começando com a primeira Guerra Árabe-Israelense, de 1948-1949. Durante o resto do século XX e início do XXI, Israel demonstraria uma capacidade de se envolver em operações ofensivas e defensivas sem paralelo com qualquer outra potência regional.
Em 1967, por exemplo, o país combateu as forças combinadas do Egito, Jordânia e Síria. Posteriormente, o país deteve o Egito e a Síria durante a Guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973. Além disso, em 1982, Israel invadiu o Líbano, ocupando a porção sul do país até o ano 2000. E ainda, lutou na Primeira e a Segunda Intifadas Palestinas, nos anos de 1987-1993 e 2000-2005, respectivamente.
O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, o IISS, estima a força total das IDF em 169.500 efetivos ativos e 465.000 reservistas. Desses, 360.000 já foram convocados após 7 de outubro. O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, o SIPRI, estimou o orçamento militar de Israel em 23,4 bilhões de dólares em 2022.
Além disso, Israel tem um dos maiores, mais diversos e lucrativos complexos industriais militares do mundo. O país produz uma série de aeronaves nacionais, drones, mísseis, radares, sistemas de guerra eletrônica e até satélites.
Para completar, Israel é um Estado suspeito de ter armas nucleares. O país não confirma nem nega, numa política conhecida como “ambiguidade deliberada”. No entanto, estima-se que Israel possua até 80 desses dispositivos.
2. Irã
O Irã é outra grande potência militar do Médio Oriente, com um Exército permanente em serviço ativo de 350.000 soldados e um contingente de 230.000 soldados de elite do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica. O país tem um dos maiores militares em serviço ativo no Médio Oriente, além de pelo menos 350.000 militares de reserva para recorrer em caso de emergência. O país tinha um orçamento militar equivalente a cerca de 6,8 bilhões de dólares em 2022.
Tal como Israel, o Irã tem a sua quota de conflitos que proporcionaram às suas forças uma experiência de combate crucial. Isto inclui a brutal Guerra Irã-Iraque, que começou em Setembro de 1980. Na ocasião, Saddam Hussein, apoiado pelos Estados Unidos, iniciou uma guerra de agressão para tomar a província iraniana do Khuzistão, rica em petróleo.
O conflito rapidamente se transformou em um atoleiro que durou a maior parte do resto da década. Os dois países alcançaram um cessar-fogo e um acordo de paz em 1988.
Até 600.000 soldados iranianos e 500.000 soldados iraquianos foram mortos no conflito.
3. Turquia
Turquia, a nação com o segundo maior exército da OTAN depois dos Estados Unidos, é também indiscutivelmente uma das maiores potências militares do Médio Oriente. Com 355.200 militares ativos e 378.700 reservistas, o país conta com uma série de bases espalhadas pela região. Portanto, o apoio da Turquia (ou a falta dele) poderá revelar-se crucial para quaisquer operações na região por parte dos seus aliados ocidentais.
O país alocou US$ 16 bilhões para defesa e segurança em 2023 e tem uma base militar-industrial incipiente que produz de tudo, desde drones (como o mortal UAV de reconhecimento e ataque Bayraktar), até navios de guerra, mísseis de cruzeiro caseiros, helicópteros e o moderníssimo tanque de batalha Altay.
Além disso, a Turquia tem acesso a uma série de bases militares no externor, incluindo Albânia, Azerbaijão, Bósnia, Iraque, Kosovo, Líbia, Chipre, Qatar, Somália, e Síria.
4. Egito
O Egito, o país vizinho da crise que se desenrola em Gaza, também é considerado como tendo uma das Forças Armadas mais poderosas do Médio Oriente. O país ocupa o 14º lugar entre 145 países analisados no relatório de 2023 do Global Firepower. As Forças Armadas têm 438.500 efetivos em serviço ativo e 479.000 reservistas a quem recorrer em caso de crise.
Os egípcios não travam uma grande guerra no seu território desde a Guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973. No entanto, as forças egípcias juntaram-se à coligação liderada pelos EUA no Iraque durante a Guerra do Golfo de 1991 e participaram na “guerra ao terrorismo” liderada pelos EUA. Posteriormente, as forças egípcias também se juntaram à operação liderada pelos sauditas no Iémen, que começou em 2015.
O Egito teve um orçamento militar de 4,6 bilhões de dólares em 2022, mas depende de parceiros estrangeiros para a maior parte do seu equipamento militar, sendo a Rússia uma importante fonte de importações de armas.
5. Arábia Saudita
O Reino da Arábia Saudita ocupa o quinto lugar no ranking do Global Firepower das cinco principais potências militares do Oriente Médio, e o 22º no geral. Com um orçamento militar de colossais 69,1 bilhões de dólares em 2023, o país tem sido consistentemente classificado entre os dez principais países do mundo em termos de maiores orçamentos militares. Além disso, as Forças Armadas Sauditas têm 257.000 efetivos em serviço ativo.
No entanto, os sauditas dependem dos Estados Unidos para a esmagadora maioria do seu equipamento militar, cerca de 80%, com a França e a Espanha a representarem grande parte do resto. Este equipamento inclui sobretudo tanques Abrams e veículos de combate Bradley, helicópteros de ataque Apache, sistemas de mísseis Patriot e outros sistemas avançados dos EUA.
Inegavelmente, a Arábia Saudita emergiu entre os vencedores durante a Guerra do Golfo de 1991, como parte da coligação liderada pelos EUA. Posteriormente, participou na Operação Southern Watch, zona de exclusão aérea no Iraque durante a década de 1990. Similarmente, o Reino também se juntou à coligação ocidental na guerra de 2014-2017 contra o Daesh, ou Estado Islâmico.
Fontes: Global Firepower / IISS / SIPRI / Sputnik