Em todo o Brasil, somente durante o mês de setembro, os empresários brasileiros solicitaram 136 pedidos de proteção contra falência, um aumento de 94,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Números impressionantes
“Não víamos números tão altos desde agosto de 2019”, disse Luiz Rabi, economista do Serasa.
Os enormes problemas de dívida que surgiram no Brasil começaram em setembro de 2021 e se concentraram no primeiro semestre deste ano, atingindo um recorde histórico. De acordo com dados do “RGF Bankruptcy Protection Monitor”, o número total de pedidos de proteção contra falência no Brasil aumentou muito no período.
Entre julho e setembro deste ano, 3.873 empresas no Brasil solicitaram proteção contra falência e reestruturação patrimonial. Entre os 2,16 milhões de grandes, médias e pequenas empresas do país, duas em cada 1.000 empresas enfrentam o problema. Este valor não inclui as microempresas da categoria Microempresa Individual (MEI).
O número de empresas em recuperação judicial e reestruturação de dívidas é superior ao número de casos de empresas que encerraram a proteção contra falência. A diferença durante este período foi de cerca de 40%, ou seja, mais empresas entraram com pedidos de falência e reestruturações de dívidas do que empresas saíram dessa condição.
Dívida bilionária
Nesse período, um dos maiores e mais polêmicos casos foi o caso de recuperação judicial da 123Milhas, famosa plataforma brasileira de aplicativos de viagens. No mês de agosto deste ano, a empresa da plataforma de aplicativos ficou sobrecarregada com mais de 2 bilhões de reais em dívidas. Aproximadamente 700 mil credores, a maioria deles pessoas físicas, solicitaram ao judiciário proteção contra falência e reestruturação de dívidas.
Além disso, a lista de empresas que pediram recuperação judicial no terceiro trimestre deste ano também inclui a empresa de moda M.Officer, fundada pelo estilista Carlos Miele.
Se calculado a partir de janeiro deste ano, a famosa empresa brasileira de varejo e comércio eletrônico Americanas, a empresa de energia elétrica Light, a operadora de comunicações Oi e o Grupo Petrópolis também estão incluídos na lista de empresas que entraram com pedido de recuperação judicial. A dívida total dessas quatro empresas ultrapassa 100 bilhões de reais.
Juros, um dos grandes vilões
Existem muitos fatores que contribuem para esse fenômeno. Especialistas acreditam que o mais impactante é a atual elevada taxa básica de juros no Brasil. Durante o período de juros baixos, um grande número de empresas operava por meio de empréstimos. No início da pandemia COVID-19 em 2020, a taxa básica de juros SELIC do Brasil era de 2%. Como a taxa básica de juros do Brasil subiu muito rápido no período posterior, a taxa de juros ultrapassou a marca de 10% nos primeiros meses de 2022. No ano passado, a taxa básica de juros atingiu um pico de 13,75%.
Este ano, mesmo depois de três cortes de 0,5 pontos percentuais de cada vez no segundo semestre, a taxa de juro de referência continua elevada. As elevadas taxas de juro fizeram com que algumas empresas não conseguissem cumprir os seus compromissos pontualmente, resultando em dívidas elevadas.
Fonte: Serasa / China2Brazil