Cooperação e desconfiança
O recente Exercício CORE 23, uma iniciativa conjunta entre as forças militares do Brasil e dos Estados Unidos, realizado na Amazônia, pela ótica do Exército Brasileiro, alcançou sucesso em seus objetivos.
No que diz respeito aos exercícios ocorridos no Amapá, na operação, liderada pelo 52° Batalhão de Infantaria de Selva (FT 52° BIS), que incluiu manobras estratégicas, como saltos livres operacionais e ações de infiltração em território simulado inimigo, destacando a habilidade e preparo das tropas em ambiente de selva, o Coronel Alexandre Granjeiro de Lima, Comandante da Força-Tarefa, ressaltou a eficácia do adestramento e a integração entre as tropas brasileiras e americanas.
Os exercícios envolveram várias ações militares extremamente complexas, como reconhecimento especializado, assalto aeromóvel e a manutenção de segurança das rotas de suprimentos, demonstrando a capacidade tática e logística da força conjunta. O General de Brigada Eduardo Veiga, comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, enfatizou a troca de conhecimentos e experiências como aspectos positivos da operação.
“Trabalhamos em região de mata densa, bem característica da nossa região amazônica. Essa foi uma grande oportunidade para a troca de conhecimentos, doutrinas, táticas e procedimentos. Foi uma oportunidade para nossos soldados conhecerem os soldados americanos, assim como para o soldado americano ver como os nossos soldados operam no ambiente”, destacou o Comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva… “
Debates sobre soberania nacional
Apesar dos êxitos técnicos e estratégicos apontados pelo Exército, a operação conjunta gerou muitos debates nas redes sociais sobre a soberania nacional e as relações militares com os Estados Unidos. Uma enquete feita pela Revista Sociedade Militar revelou que 66,4% dos participantes no Twitter veem os Estados Unidos como uma potencial ameaça à Amazônia, com a China e a França seguindo em porcentagens menores.
Essa percepção está enraizada em preocupações históricas e geopolíticas, uma visão dos EUA como nação imperialista e aprópria presença militar norte-americana na América Latina, e – principalmente – na região Amazônica. O argumento dos militares, de que se trata de uma troca de conhecimentos, é rechaçado por muitas pessoas, estes alegam que os militares dos EUA tem uma capacidade militar absurdamente maior do que os militares brasileiros e que nessa “troca” os brasileiros acabam cedendo para eles a única vantagem que teriam, que é a esclusividade da expertise no combate em selva.
Análises de sentimentos realizadas pela revista indicaram uma mistura de desconfiança, crítica e preocupação entre a população brasileira. Muitos expressaram desaprovação pela cooperação militar com os EUA, questionando as intenções americanas e a capacidade do Exército Brasileiro em salvaguardar os interesses nacionais. Termos como “absurdo”, “vergonhoso” e “entreguismo” foram comuns nos comentários, refletindo uma desilusão com as Forças Armadas.
Essa dicotomia entre a execução bem-sucedida de exercícios militares e a inquietação pública levanta questões importantes sobre a comunicação e transparência das operações militares, bem como sobre as políticas de defesa e segurança nacional do Brasil. A necessidade de um diálogo aberto e construtivo entre as forças armadas e a sociedade é crucial para fortalecer a confiança e compreender melhor as implicações dessas parcerias internacionais.
Enquanto o Exercício CORE 23 é visto pelos militares como event oque demonstra a competência e preparo das forças militares brasileiras em colaboração com aliados internacionais, vantagens perceptíveis quase que exclusivamente pelos militares, especiaslistas na área, as preocupações da sociedade brasileira sobre soberania e segurança nacional acabam escalando quando ocorre um evento desse tipo.
Robson // Revista Sociedade Militar