Funcionários do Departamento de Defesa dos EUA visitarão a Guiana nesta semana, disse o vice-presidente do país sul-americano. O objetivo seria discutir a subida de tom da Venezuela com relação à área conhecida como Guiana Essequiba.
Bharrat Jagdeo garantiu que “todas as opções” estão sobre a mesa em sua disputa com o país vizinho.
As tensões estão altas entre Georgetown e Caracas, que organiza um referendo para dia 3 de dezembro. A votação irá solicitar aos venezuelanos que considerem a anexação da região de Essequibo, administrada pela Guiana, pela Venezuela. Essequibo representa dois terços da Guiana, com uma população superior a 120.000 habitantes.
Ambas as nações reivindicam a região de 160 mil quilómetros quadrados, numa disputa que se intensificou desde que a ExxonMobil descobriu petróleo na área, em 2015. Outra grande descoberta em Essequibo, em outubro, aumentou ainda mais as reservas da Guiana, tornando-as maiores do que as do Kuwait ou até mesmo dos Emirados Árabes Unidos.
“Temos de proteger o nosso interesse nacional”
“Estamos interessados em manter a paz no nosso país e nas nossas fronteiras, mas vamos trabalhar com os nossos aliados para garantir que nos preparamos para todas as eventualidades”, disse o vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, na quinta-feira. Jagdeo não descartou a possibilidade de ter bases militares estrangeiras em solo guianense.
“Nunca estivemos interessados em bases militares, mas temos de proteger o nosso interesse nacional”, disse o vice-presidente, acrescentando que a cooperação em defesa envolve discussões “com vários países”. Jadgeo ainda disse que “todas as opções disponíveis para defendermos o nosso país serão seguidas. Todas as opções.”.
A disputa sobre Essequibo remonta a 1899, quando um tribunal internacional fixou a fronteira atual entre a Venezuela e a Guiana. A Venezuela sustenta que o rio Essequibo, a leste da região, constitui uma fronteira natural.
O referendo unilateral da Venezuela irá sobretudo perguntar aos cidadãos se devem rejeitar a decisão do tribunal de 1899, que Caracas diz ter sido “imposta de forma fraudulenta”. Também está em votação se a Venezuela deve rejeitar a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça sobre a disputa.
Se os venezuelanos aprovarem o referendo, o país deseja conceder cidadania ao povo de Essequibo. A Guiana possui as maiores reservas mundiais de petróleo bruto per capita.
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Fonte: France24