Uma transmissão ao vivo da emissora da televisão equatoriana TC foi interrompida por um grupo armado que obrigou os funcionários a deitarem-se e sentarem-se no chão, enquanto eram ouvidos tiros e gritos. O presidente do país declarou recentemente 22 grupos como organizações terroristas e disse que o país se encontra num estado de “conflito armado interno”.
Os criminosos, usando balaclavas e em grande parte vestidos de preto, foram vistos empunhando armas pesadas e abordando funcionários durante a transmissão ao vivo. Alguns dos invasores chegaram a apontar armas para as câmeras.
Outro canal mostrou imagens de policiais do lado de fora dos estúdios de TC em Guayaquil. Guayaquil é uma cidade costeira que tem sido atormentada por um aumento da violência sobretudo nos últimos anos, devido a presença de narcotraficantes.
“Ainda estou em choque”, disse Alina Manrique, chefe de notícias da TC Television, que afirmou ter uma arma apontada para sua cabeça durante todo o incidente. “Tudo desabou…. Tudo o que sei é que é hora de deixar este país e ir para muito longe.”, disse Manrique.
Estado de Emergência
A polícia nacional do Equador disse nas redes sociais que unidades especializadas foram até o local. Posteriormente, a polícia confirmou que pelo menos 13 pessoas foram presas, publicando imagens de vários homens com as mãos amarradas atrás das costas.
O incidente ocorreu depois do sequestro de pelo menos sete policiais, além de explosões em diversas cidades pelo país. Além disso, presidiários fizeram dezenas de guardas como reféns, um dia depois de o presidente Daniel Noboa ter declarado estado de emergência .
Noboa emitiu um decreto nesta terça-feira afirmando que o país estava em estado de “conflito armado interno”. O decreto declara também que 22 grupos de narcotraficantes receberiam a classificação de organizações terroristas. Além disso, o documento ordena que as forças armadas “neutralizassem” os grupos, em conformidade com o direito internacional e os direitos humanos.
O principal diplomata dos Estados Unidos para a América Latina expressou preocupação com a situação.
“Extremamente preocupado com a violência e os sequestros de hoje no Equador”, escreveu Brian Nichols, do Departamento de Estado, no X. De acordo com Nichols, as autoridades americanas “permaneceriam em contato próximo” com a equipe do presidente Daniel Noboa.
Peru também declara estado de emergência
Por sua vez, o primeiro-ministro do Peru, Alberto Otarola, também declarou emergência ao longo da fronteira norte do seu país com o Equador. De acordo com Otarola, tropas do exército estariam se mobilizando para apoiar as forças policiais na área.
A medida que a onda de crimes violentos se abate sobre o Equador, políticos procuraram assumir posições duras em relação ao crime e à crescente influência dos narcotraficantes.
Especialistas apontam sobretudo para o sucesso do Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que suspendeu liberdades civis fundamentais e levou milhares de pessoas para a prisão. O objetivo seria desferir primordialmente um golpe contra grupos criminosos no país.
Sem negociação
Daniel Noboa, filho de um dos homens mais ricos do país, assumiu o cargo de presidente do Equador em novembro. Noboa prometeu consertar a economia em dificuldades e conter a violência nas ruas e nas prisões, que cresceu muito, sobretudo nos últimos anos.
O presidente equatoriano declarou Estado de Emergência por 60 dias, permitindo patrulhas militares, inclusive nas prisões. Além disso, o decreto estabelece um toque de recolher noturno nacional.
Na última semana, ocorreu o sequestro de pelo menos sete policiais no país. De acordo com a polícia, “esses atos não ficarão impunes”. Noboa disse que não negociará com “terroristas”.