Pouca gente sabia até essa semana que o Exército Brasileiro possui um batalhão inteiro dedicado às chamadas Operações Psicológicas. O comandante do grupo, ao ser abordado pela polícia federal acabou desfalecendo por conta do nervosismo e a situação acabou virando piada na internet.
Entenda o que fazem os militares especializados em operações psicológicas, que quase sempre são realizadas secretamente e com o auxilio da internet, jornais, revistas, influenciadores ou até com o uso de militares disfarçados infiltrados no meio da população.
“ (…) Desde que o homem aprendeu a comunicar-se, vem utilizando a persuasão e outras formas de influência para modificar emoções, opiniões, atitudes e comportamentos de grupos ou pessoas. b. A guerra sempre foi o confronto entre vontades. O convencimento obtido por meio da persuasão provou ser mais eficaz do que até mesmo a completa dominação pela força. c. As Op Psc constituem uma parte essencial do poder. Os chefes militares e políticos das nações têm utilizado, quer na paz, quer na guerra, as Op Psc como forma de persuasão ao longo da história” (Manual de Operações Psicológicas do Exército Brasileiro)
“Neste contexto, assumem ainda posição de relevo as ações não cinéticas levadas a
cabo por meio da aplicação da Guerra Cibernética e da Guerra Eletrônica. O emprego
robusto, em profundidade, de ações no ciberespaço e no espectro eletromagnético
proporcionará à F Ter obter superioridade de informações desde a paz relativa, percebida,
ainda, como vital para a condução de operações em todos os Domínios, seja como apoio
a operações psicológicas ou de propaganda” (Manual de Fundamentos
CONCEITO OPERACIONAL DO Exército Brasileiro OPERAÇÕES DE CONVERGÊNCIA 2040)
As operações psicológicas, segundo militares do Exército Brasileiro, são destinadas a influir em emoções, nas atitudes e opiniões de um determinado grupo social de interesse, com a finalidade de fazer com que os membros desse grupo assumam comportamentos de interesse da força armada. Obviamente os resultados pretendidos não podem ser revelados ao público alvo.
As resultantes comportamentais nos grupos submetidos a ações de operações psicológicas podem variar de sentimentos de expectativas em relação a determinado grupo, sentimento de repulsa a determinado político, grupo político ou até nação estrangeira a manifestações de rua e destruição de reputação nas redes sociais.
Uma publicação produzida em academia militar da Marinha do Brasil, por exemplo, menciona que a disseminação de boatos pode ser utilizada em estratégias de operações psicológicas:
“Na defesa de posição, as OpPsc atuarão inicialmente na opinião pública colocando-a contra a Força atacante e, no nível estratégico, estimulando pressões políticas ou sanções econômicas contra esse inimigo… Igualmente utilizarão a propaganda e a disseminação de boatos, em apoio às forças de segurança …” (As Operações Psicológicas Integradas à Comunicação Social no Contexto das OPERAÇÕES MILITARES: ESG / CMG (FN) E. S.)
Para obtenção de melhores resultados emprega-se profissionais formados em disciplinas relacionadas à manipulação de massas, psicologia, propaganda e marketing.
O Tenente Coronel Marques Almeida, que desmaiou quando percebeu a chegada dos policiais na organização militar que comandava, por exemplo, é formado na Escola Superior de Propaganda e Marketing. Marques Almeida, segundo a polícia federal, estava atuando justamente na “produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022 com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado”.
Segundo os manuais do Exército Brasileiro a que a Revista Sociedade Militar obteve acesso, as operações psicológicas (Op Psic) podem ser utilizadas para apoiar ações em diversos campos do poder nacional e podem ser estratégicas ou táticas bem como permanentes ou duradouras.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar