A Suécia finalmente aderiu oficialmente à aliança militar da OTAN, pondo fim a décadas de neutralidade. A ação ocorre em meio à crescentes preocupações sobre a agressão da Rússia na Europa após a invasão da Ucrânia.
“A unidade e a solidariedade serão as luzes orientadoras da Suécia como membro da OTAN”, disse o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, numa declaração proferida em Washington, DC, após uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
De acordo com Kristersson, “compartilharemos fardos, responsabilidades e riscos com nossos aliados”.
Numa conferência de imprensa em Estocolmo, na quinta-feira, o Ministro do Emprego e Integração da Suécia, Johan Pehrson, classificou a adesão como “uma nova era de política de segurança para a Suécia”, acrescentando que pessoalmente esperava por tal decisão há 20 anos.
Temores da ameaça militar russa
A invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em 24 de Fevereiro de 2022, levou a Suécia e a sua vizinha Finlândia – que partilha uma fronteira de 1.340 km com a Rússia – a candidatarem-se para aderir à OTAN.
“Temos de encarar o mundo porque às vezes não é como gostaríamos que fosse”, disse Kristersson depois de a Hungria se ter tornado o último membro da OTAN a ratificar a adesão da Suécia na semana passada.
A falta de preparação militar da Suécia havia sido revelada em 2013, quando aviões bombardeiros russos sobrevoaram o Golfo da Finlândia, perto da ilha sueca de Gotland. Na época, acreditava-se que o exercício era uma simulação de ataques nucleares.
No ano seguinte, houve relatos de que um submarino russo estava operando próximo à Estocolmo.
Saída da neutralidade
Embora Estocolmo tenha se aproximado cada vez mais da OTAN ao longo das últimas duas décadas, a adesão marca uma ruptura clara com o passado. Durante mais de 200 anos, a Suécia evitou alianças militares, adotando uma posição neutra em tempos de guerra.
Após a Segunda Guerra Mundial, construiu uma reputação internacional como defensora dos direitos humanos. Quando a União Soviética entrou em colapso em 1991, sucessivos governos suecos reduziram as despesas militares.
Enquanto a Finlândia aderiu à Aliança no ano passado, a Suécia ficou à espera enquanto Turquia e Hungria se opunham à adesão do país. A Turquia, no entanto, aprovou o pedido da Suécia em Janeiro.
Por sua vez, a Hungria adiou a sua mudança até que Kristersson fez uma visita a Budapeste no dia 23 de fevereiro. Durante a visita, os dois países chegaram a um acordo relacionado à compra de caças suecos.
A Suécia acrescenta submarinos de última geração e uma frota considerável de caças Gripen produzidos internamente às forças da OTAN. Além disso, o país será um elo crucial entre o Atlântico e o Báltico.
A Rússia ameaçou tomar “contramedidas políticas e técnico-militares” não especificadas em resposta à medida da Suécia.