O Corpo de Fuzileiros Navais adquiriu recentemente uma máquina de guerra capaz de entregar um desempenho inédito na história dos veículos blindados leves de combate: É o Oshkosh JLTV (Joint Light Tactical Vehicle ou Veículo Conjunto Tático Leve e Close Combat Weapons Carrier (CCWC) ou Porta-armas de combate próximo), o queridinho da vez. Tem a nomenclatura de L-ATV, Light Combat Tactical All-Terrain Vehicle ou Veículo Leve Tático de Combate para Todo Terreno. Ele é o futuro (e o presente) dos veículos leves de combate.
Ele substitui, merecidamente, os lendários Humvees (High Mobility Multi-purpose Wheeled Vehicle (HMMWV)) que serve aos Exército (US ARMY) e Corpo de Fuzileiros Navais (US MARINE CORPS) americanos há 40 anos. Sua versão civil é o Hammer.
A Viatura Blindada Leve JLTV é um projeto de última geração das Forças Armadas dos EUA, que incorpora elevados ganhos tecnológicos e atualizações. A blindagem, aliada à mobilidade, ao poder de fogo e às potencialidades de comando e controle dessa viatura, possibilitará a ampliação da capacidade dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais em conduzir Operações Anfíbias, Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Missões de Paz e outras variadas ações dentro do amplo espectro das operações militares.
Ao todo foram 12 viaturas (com previsão de adquirir 60 até o final da década) e estas representarão uma considerável ampliação da capacidade de projeção do poder naval sobre a terra.
A apresentação oficial destas viaturas foi no dia 06 de março do ano passado, na Fortaleza de São José, Quartel General do Corpo de Fuzileiros Navais (GQGCFN) no Rio de Janeiro (RJ), por ocasião do 215º Aniversário do CFN.
As viaturas, segundo apurado pela Revista Sociedade Militar, foram adquiridas pelo Subprograma PROADSUMUS de Meios de Fuzileiros Navais, componente do Programa Estratégico da Marinha “Construção do Núcleo do Poder Naval”, que foi criado para consolidar e ampliar as capacidades operativas do CFN, garantindo-lhe atuar como a Força Naval de caráter anfíbio e expedicionário, por excelência, contribuindo para as demais tarefas do Poder Naval brasileiro. A obtenção desses meios de última geração, na fronteira da tecnologia militar, assegura um elevado grau de versatilidade e flexibilidade ao CFN, ampliando sua prontidão operacional.
Um motor V8
O veículo recebe blindagem grossa e janelas minúsculas para lidar com o poder de fogo que será direcionado a ele durante excursões militares. Tem 20 polegadas de curso de suspensão e o casco diminui a explosão de minas. Ele vem equipado com uma versão ajustada do V8 turbodiesel Duramax de 6,6 litros da General Motors. O motor agora produz 340 CV para maximizar a confiabilidade do motor. O Oshkosh JLTV pesa cerca de 9.979 kg quando totalmente carregado.
O Humvee está sendo substituído devido ao fato de que a blindagem original do veículo não poderia suportar o poder de fogo militar atual e que se a blindagem fosse atualizada, comprometeria as capacidades off-road do veículo e também reduziria sua carga útil.
É uma revolução no combate urbano ou no campo, porque o JLTV tem blindagem de tanque, mas anda como carro à frente das linhas inimigas.
O Oshkosh L-ATV não é exatamente leve (na configuração destinada ao Brasil tem cerca de 7 toneladas), mas já nasceu preparado para o pior. Muito de seu peso é devido à blindagem, que suporta minas e bombas, também beneficiada pelo formato em “V” do fundo do carro para desviar o deslocamento de ar da explosão. Os assentos, com cintos de cinco pontos, são preparados para explosões. A estrutura do carro em si suporta 100% do próprio peso sobre o teto, ou seja, pode carregar sete toneladas sobre si!
A suspensão
A suspensão, por sinal, é uma das atrações do carro. Chamada de TAK-4i, é independente do tipo duplo A nas quatro rodas e tem um sistema hidropneumático gerenciado eletronicamente, que garante o nivelamento nas situações mais complicadas. Desta forma, pode escalar rampas de até 60%, andar de lado a uma inclinação de até 40%, superar alagamentos e lamaçais com até 1,50 m sem snorkel e, claro, encarar os caminhos rochosos mais difíceis.
Como um Humvee, o L-ATV pode ser içado e transportado por helicópteros e aviões. Para isso, depende da suspensão com variação de 51 cm: quando na posição mais baixa, tem a mesma altura do Humvee.
A tração 4×4 é parceira fundamental na missão. Com blocantes nos dois eixos e também no transeixo, a tração é aplicada na diagonal: quando 4×2, a força chega às rodas dianteira esquerda e traseira direita, podendo funcionar em 3×4 e 4×4. Também é uma forma de se movimentar caso alguma roda seja danificada – explicando a existência de quatro sistemas de freio independentes, a ar. O estepe é tão grande que vai montado na traseira, próximo da eletrônica do veículo, e tem seu sistema de içamento, segundo matéria publicada na Revista Quatro Rodas em 03/01/2024.
O câmbio é automático e de seis marchas, como em caminhões e ônibus. Às vezes, como em caminhões, precisa ser orientado por um outro militar fora do veículo. A direção é leve e a suspensão é tão competente que supera irregularidades no terreno sem se desestabilizar ou transferir essa movimentação para os ocupantes.
Esse blindado leve pode acoplar em sua torre metralhadoras como a .50 e 7,62, mas veículos americanos foram instalados até com míssil antitanque coaxial Javelin, armas suecas muito usadas na Ucrânia contra tanques russos.
A estação de armas oferece modularidade para configuração de arma única, arma dupla e até arma tripla, arma coaxial de 7,62 mm e um Javelin ATM pode ser instalado simultaneamente.
É o melhor veículo leve para vigilância e apoio de fogo direto em manobras de infantaria, escolta de comboio e missões de segurança. Sistemas avançados de armas não cinéticas (por exemplo, lasers) também podem ser integrados para defesa contra ameaças de enxames de UAV, drones.
Em caso de blackout, seus sistemas podem funcionar muitas horas com suas baterias extras.
O custo total de cada veículo, incluindo equipamentos e manutenção, é de cerca de 1 milhão de dólares, o que equivale a mais de R$ 5 milhões. Os valores, porém, podem custar a partir de 500 mil dólares. É importante lembrar que os custos podem variar dependendo de vários fatores, como especificações técnicas, quantidade de unidades adquiridas e prazos de entrega.
A única objeção ao veículo talvez seja que tenha um nome muito técnico e de pronúncia complicada: Oshkosh JLTV/L-ATV, um prato cheio para que o bom humor da “guerra” de zoação dos fuzileiros navais brasileiros arrumem logo um apelido bem brasileiro para ele tal como: Jaguara, Carcará, Arataca, Aritana, Calango, Boi Zebu ou Catolé. Fica a dica.
Ficha técnica – Oshkosh L-ATV
- Motor: dianteiro, longitudinal, tricombustível, 400 cv e 120 kgfm estimado
- Câmbio: automático 6 marchas, tração 4×4 sob demanda
- Direção: hidráulica
- Suspensão: duplo A, molas a ar, autonivelante (diant. e tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Pneus: 395/85 R20
- Dimensões: comprimento, 620 cm; largura, 250 cm; altura, 260 cm; peso, 7 toneladas; tanque de combustível, 134 l
- Desempenho: 0 a 100 km/h, 10 s; velocidade máxima de 110 km/h; consumo,3,6 km/l; autonomia, 480 km (dados de fábrica).