Contrariando as expectativas de muitos, oficiais do Comando do Exército brasileiro expressaram apoio à venda da Avibras, empresa considerada estratégica na indústria de defesa nacional, para o grupo australiano DefendTex, relata a CNN.
A justificativa para a venda é que a transferência de controle ajudaria na continuidade de projetos estratégicos desenvolvidos em conjunto com o Exército e garantiria a entrega R$ 60 milhões em encomendas feitas pela força terrestre, que estavam ameaçadas diante da “situação pré-falimentar” da companhia.
Preocupações com desnacionalização
A venda da Avibras para um grupo estrangeiro gerou críticas e preocupações com a possível desnacionalização de uma empresa considerada estratégica para a defesa do país.
Há temores, principalmente entre a ala mais a esquerda, de que a empresa seja entregue nos mesmos moldes que foram tentados na entrega da Embraer para a Boeing.
Isso leva-os a pressionar o governo para paralisar a negociação. Além disso, existe a preocupação de que isso possa comprometer a autonomia do Brasil na produção de armamentos.
Encomendas do Exército e projetos estratégicos
Segundo relato de oficiais do Exército, a venda da Avibras é necessária para garantir a entrega de cerca de R$ 60 milhões em encomendas que a força terrestre tem com a empresa, incluindo o desenvolvimento do míssil tático de cruzeiro, que permitiria à artilharia do Exército atingir um alvo a 300 quilômetros de distância com erro de no máximo nove metros.
Os militares argumentam que a situação pré-falimentar da Avibras coloca em risco a conclusão de projetos estratégicos como o Astros, um sistema de foguetes de artilharia com longo alcance e elevada precisão.
Fala do General Rocha Lima
Em uma transmissão ao vivo realizada nesta semana pelo canal do analista geopolítico e oficial da reserva, Paulo Filho, o General Rocha Lima, chefe do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), defendeu a venda da Avibras. Ele justificou de maneira bem sincera que a venda é necessária para que os projetos do Exército não fiquem paralisados e o investimento feito até o momento não seja desperdiçado.
“Grande parte do programa Astros, naquilo que está relacionado ao comando de artilharia do Exército e naquilo que toca às capacidades proporcionadas pela Avibras, já foi entregue. Mais de 80% já foram entregues”, afirmou o general.
De acordo com o general, o maior projeto pendente de conclusão pela Avibras é o desenvolvimento do míssil tático de cruzeiro.
“É algo que daria bastante projeção ao Brasil“, explicou.
Fonte: CNN Brasil