O grupo israelense Elbit Systems venceu a licitação do Exército Brasileiro para a venda de 26 viaturas blindadas de obuseiro 155 mm, espécie de canhão de grande alcance e precisão que será usado pela artilharia.
Os equipamentos são produzidos pelas empresas Ares Aeroespacial, do Rio de Janeiro, e Defesa e AEL Sistema, do Rio Grande do Sul. Ambas são subsidiárias da Elbit Systems no Brasil.
Segundo generais ouvidos sob condição de anonimato pela Folha de São Paulo, a aquisição beira R$ 1 bilhão.
Com o lance, a Elbit Systems superou empresas da França, China e Eslováquia na reta final da disputa, que já dura 2 anos.
Entretanto, há receios legítimos de que o governo federal vete a transação em razão de questões geopolíticas.
O Brasil, por meio principalmente do presidente Lula, critica abertamente as Forças Armadas de Israel por operações como ataques a hospitais e bombardeios em regiões populosas.
O número de mortos já ultrapassou 34 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde local.
Ouvido pela Folha, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que não faz sentido o Exército negociar a compra de equipamentos militares com empresa israelense.
“Com todo esse problema diplomático que temos com o governo de Israel nesse momento, me parece que não é o melhor caminho fazer uma compra desse volume de empresa israelense. Não temos a necessidade de ter esse material com essa pressa, o assunto deveria ser mais bem pensado“.
Caso o governo federal vete a compra, não será uma novidade. O mesmo tem acontecido com a exportação de munições e armamentos brasileiros para a Ucrânia, invadida pela Rússia desde fevereiro de 2022.
“O que o governo de Israel está fazendo com a Palestina não é guerra, é genocídio“, disse Lula em evento da Petrobras realizado em fevereiro no Rio de Janeiro. Caso a assinatura do contrato realmente aconteça, como está previsto para o dia 7 de maio, os obuseiros serão entregues ao longo de 8 anos.
O orçamento para investimentos do Exército tem caído desde o governo Dilma Rousseff e, agora, a base industrial de defesa brasileira precisa se aquecer.