Neste sábado (25/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar duramente as ações de Israel na Faixa de Gaza. Durante um discurso em São Paulo, Lula afirmou que não pode se calar “diante de aberrações”, sem citar em nenhum momento a morte do brasileiro Michel Nisenbaum. Nisenbaum morreu enquanto era refém do grupo terrorista Hamas.
Ausência de Menção à Morte de Brasileiro
Embora tenha abordado extensivamente o conflito entre Israel e Hamas, Lula não mencionou a morte do brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos, confirmada na véspera. Nisenbaum era um dos reféns do grupo terrorista desde os eventos do dia 7 de outubro. Posteriormente, o presidente expressou condolências nas redes sociais após a confirmação do falecimento.
Lula participava da inauguração de obras na rodovia Dutra, em Guarulhos, ao lado de vários ministros e parlamentares, incluindo Alencar Santana (PT-SP), pré-candidato a prefeito do município. Ao final do discurso, pediu uma salva de palmas para o povo do Rio Grande do Sul, afetado por uma calamidade climática, e solidariedade às vítimas dos ataques israelenses na Faixa de Gaza.
“Quero pedir para vocês uma solidariedade às mulheres e crianças que estão morrendo na Palestina por conta da irresponsabilidade do governo de Israel, que continua matando mulheres e crianças”, afirmou Lula. “E a gente não pode se calar diante das aberrações, a gente não pode deixar de ser solidário porque amanhã a gente vai precisar de solidariedade.”
A falta de menção à morte do brasileiro gerou polêmica, sobretudo, nas redes sociais.
Michel Nisenbaum
Nesta sexta-feira, dia 24, o Exército de Israel anunciou a recuperação dos corpos de mais três reféns em Gaza, incluindo o de Michel Nisenbaum. Nisenbaum era o único brasileiro-israelense em poder do Hamas, que sequestrou pelo menos outras 250 pessoas, em outubro de 2023.
A confirmação trouxe um fim trágico à espera angustiante de sua família. Nisenbaum, natural de Niterói (RJ), tinha dupla nacionalidade, mas vivia em Israel há mais de 40 anos. Ele deixa duas filhas.
Posteriormente, o presidente lamentou a morte de Nisenbaum em suas redes sociais: “Soube, com imensa tristeza, da morte de Michel Nisembaum, brasileiro mantido refém pelo Hamas. Conheci sua irmã e filha, e sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel. O Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados, para que tenhamos um cessar-fogo e a paz para os povos de Israel e da Palestina.”
No final de 2023, Lula recebeu a irmã e a filha de Nisenbaum no Palácio do Planalto.
Críticas e Crise Diplomática
Há meses, Lula é alvo de duras críticas da comunidade judaica por suas posturas com relação a Israel. Além disso, o tom aparententemente condescendente do presidente em relação ao Hamas tem gerado desconforto em grande parte da população, sobretudo, nas redes sociais. Apesar do Brasil considerar a invasão ao território israelense como um ato terrorista, o país não classifica o próprio Hamas como uma organização terrorista.
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) lamentou a morte de Michel Nisenbaum, enviando condolências à família e condenando o ataque bárbaro do Hamas. A Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) criticou a condução de Lula e afirmou: “A memória de Michel Nisenbaum segue viva e não deixaremos de honrá-la. Na época do ataque, o presidente Lula disse que nenhum brasileiro ficaria para trás: Michel ficou.”
As relações diplomáticas entre Brasil e Israel estão tensas, sobretudo após Lula comparar as ações israelenses na Faixa de Gaza com as de Hitler contra os judeus. Em resposta, o governo israelense convocou posteriormente o embaixador brasileiro Frederico Meyer para uma visita a um memorial do holocausto. O gesto foi considerado uma “humilhação” pelo lado brasileiro.
Na sexta-feira, Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, afirmou que o embaixador do Brasil não retornará ao cargo.