De acordo com uma reportagem da Military.com, o número de recrutas masculinos caiu drasticamente nos últimos dez anos, enquanto o alistamento feminino permanece estável. Desde 2013, o alistamento masculino diminuiu 35%, passando de 58 mil homens para 37,7 mil em 2023. Em contraste, o número de mulheres que se alistam anualmente tem se mantido em torno de 10 mil.
A diminuição do recrutamento masculino tem causado grandes dificuldades para o Exército, que necessita de um alto volume de novos recrutas para manter suas operações. No ano passado, o Exército ficou 10 mil soldados abaixo da meta de 65 mil novos alistamentos, uma meta que já havia sido reduzida em relação aos anos anteriores. Em 2022, a meta de 60 mil recrutas não foi atingida, ficando 15 mil abaixo do esperado.
Esses problemas de recrutamento não são apenas uma questão de números, mas refletem mudanças sociais mais amplas. Homens jovens estão cada vez menos engajados na sociedade americana, com taxas menores de matriculação e graduação na faculdade, e um aumento nas taxas de suicídio e overdose de drogas. Ronald Levant, professor de psicologia da Universidade de Akron, afirmou à Military.com que há uma “síndrome amotivacional” permeando muitos jovens hoje, que simplesmente não estão motivados para fazer muita coisa.
Desde 2015, o Exército tem enfrentado dificuldades em cumprir suas metas de recrutamento, um problema que coincide com grandes eventos culturais como o movimento #MeToo e a campanha presidencial de Donald Trump. Além disso, a política militar passou por mudanças que alguns críticos afirmam terem tornado os militares “woke”, ou seja, mais alinhados com ideais progressistas. No entanto, especialistas apontam problemas mais amplos, como a crise da masculinidade nacional, onde homens estão cada vez mais se distanciando de instituições tradicionais, incluindo o serviço militar.
Os dados demográficos mostram que a queda no recrutamento masculino afeta todas as regiões dos Estados Unidos. O Nordeste foi a região mais afetada, com uma queda de 40% no número de recrutas masculinos entre 2012 e 2022. Outras regiões, como o Meio-Oeste e o Oeste, também sofreram quedas significativas de cerca de 39%.
Para enfrentar esses desafios, o Exército implementou o Future Soldier Preparatory Course em 2022, um programa para ajudar candidatos a atingir os padrões acadêmicos e físicos necessários para o serviço militar. Esse programa foi expandido para acomodar 23.500 candidatos anualmente, permitindo ao Exército recuperar parte do déficit de recrutamento. Apesar desses esforços, ainda é incerto se o Exército conseguirá atrair mais mulheres para compensar a queda significativa de homens.
O secretário de Defesa, Lloyd J. Austin, expressou confiança em atingir as metas de recrutamento deste ano, atribuindo isso a mudanças como a criação do Future Soldier Preparatory Course. No entanto, ele reconheceu que o sucesso depende de marketing preciso e recrutadores talentosos. A representação de mulheres nas campanhas de marketing do Exército ainda é limitada, com homens aparecendo duas a três vezes mais frequentemente em papéis de destaque.
Enquanto isso, atividades sedentárias como videogames e pornografia, que são predominantemente apreciadas por homens, aumentaram nos últimos anos, dificultando ainda mais o recrutamento. A crise na masculinidade, combinada com uma retirada dos homens da força de trabalho e dos papéis tradicionais, cria um desafio complexo para o Exército Americano em suas tentativas de preencher suas fileiras.
Deixe nos comentários abaixo sua opinião sobre o assunto.