Pilotos de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentam alterações significativas no metabolismo que só retornam ao normal após longas horas de voo, revela um estudo recente. Essas mudanças metabólicas têm levado a FAB a desenvolver novos protocolos de adaptação e a implementar monitoramento contínuo para mitigar os riscos associados.
De acordo com um artigo publicado na revista científica Metabolomics, o estudo foi financiado pela CAPES e pelo Ministério da Defesa e faz parte do Programa de Cooperação Acadêmica em Defesa Nacional (Procad-Defesa). A pesquisa foi conduzida na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, e dividiu os participantes em três grupos: pilotos em início de carreira, pilotos com mais de mil horas de voo e pessoas que trabalham na instalação militar, mas que não voam.
O professor Gilson Costa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), responsável por liderar a pesquisa, explicou que o estudo encontrou alterações importantes em componentes como lactato e alguns aminoácidos, além de mudanças nas células de defesa do sistema imunológico. “O corpo só se adapta depois de muitas horas de voo. É importante entendermos essa curva metabólica para conseguir gerar novos protocolos de treinamento e de dieta, com suplementos nutricionais”, relatou Costa.
O estudo também está prestes a publicar novos artigos e planeja realizar mais análises, incluindo lipidograma, hemograma, perfil lipídico, marcadores de função renal e de coagulação. Esses testes visam aprofundar o entendimento sobre as adaptações necessárias para os pilotos de caça, que enfrentam altos níveis de estresse físico e psicológico, além do jet lag e fatores ambientais adversos.
Segundo Costa, atualmente não existe monitoramento metabólico específico para os pilotos de caça, o que torna o impacto do estudo potencialmente relevante não apenas para a FAB, mas para forças militares de todo o mundo. O monitoramento contínuo e os novos protocolos propostos podem melhorar a saúde e o desempenho desses profissionais, reduzindo riscos e aumentando a eficiência operacional.
O Procad-Defesa, lançado em 2019, é uma parceria entre a CAPES e o Ministério da Defesa, com um orçamento de R$ 13,4 milhões destinado a projetos de cinco anos. O programa visa estimular projetos conjuntos e a formação de pessoal pós-graduado na área de Defesa Nacional, utilizando recursos humanos e infraestrutura de diferentes instituições de ensino e de ciência e tecnologia.
Em resumo, o estudo revela a necessidade de novos protocolos de adaptação para os pilotos de caça da FAB, baseados em um entendimento mais profundo das mudanças metabólicas causadas pelo voo. A pesquisa não apenas destaca as adaptações fisiológicas necessárias, mas também aponta para a importância de um monitoramento contínuo, propondo soluções que podem beneficiar forças militares globalmente.