O cenário geopolítico no Oriente Médio está fervendo com a ameaça de guerra entre Israel e Hezbollah no Líbano, somada à contínua luta no Mar Vermelho. A capacidade dos EUA e seus aliados de responderem a esses conflitos está sendo severamente testada. O posicionamento naval na região está sendo adaptado para enfrentar esses desafios emergentes.
Após mais de oito meses de operações intensivas, o porta-aviões USS Dwight D. Eisenhower foi retirado do Mar Vermelho e está voltando para casa. Segundo informações do Navy LookOut, a embarcação passou mais dias fora do que qualquer outro porta-aviões baseado nos EUA nos últimos cinco anos. Foi decidido não estender a missão pela terceira vez para não sobrecarregar o navio e sua tripulação. O USS Theodore Roosevelt, atualmente em Busan, Coreia do Sul, deve substituí-lo após exercícios com os coreanos e um trânsito de aproximadamente uma semana até o Mar Vermelho.
Além disso, o HMS Diamond está retornando ao Reino Unido após ter estado fora desde novembro de 2023. Antes de chegar a Portsmouth, o navio fará uma parada em Palma, Mallorca, para permitir que a tripulação descanse e se ajuste à vida normal após um período de operações estressantes. A rotação desses navios não indica uma “derrota”, mas sim uma troca de rotina após longos desdobramentos. No entanto, as forças navais no Mar Vermelho estão atualmente sobrecarregadas, com a Marinha dos EUA e seus parceiros europeus enfrentando dificuldades em manter a presença necessária na área.
A Operação Aspides, liderada por forças europeias, conta atualmente com quatro navios de guerra de França, Bélgica, Grécia e Itália, apoiados pelo auxiliar holandês HNLMS Karel Doorman. O Contra-Almirante Gryparis, responsável pela operação, afirmou que necessita de pelo menos o dobro de navios para cobrir a vasta área do Mar Vermelho. Enquanto isso, a Marinha dos EUA possui apenas dois destróieres da classe Burke designados para a Operação Prosperity Guardian, e a Marinha Real Britânica (RN) está temporariamente ausente, aguardando a chegada do HMS Duncan.
A ausência temporária de um porta-aviões no Mar Vermelho complicou a situação. Um segundo navio mercante, o MV Tudor, foi afundado após ser atingido por drones de ataque, resultando na morte de pelo menos quatro marinheiros inocentes. Os Houthis, responsáveis pelos ataques, conseguiram atingir cerca de 30 navios mercantes, apesar de sua taxa de sucesso ser relativamente baixa. A queda no tráfego pelo Mar Vermelho, estimada em 60-70%, terá impactos inflacionários na economia global. Representantes do setor de transporte marítimo têm exigido uma resposta mais coordenada e eficaz.
No Mediterrâneo Oriental, a situação também é preocupante. Apesar de o Hamas ter sido derrotado, o Irã está agora incentivando outro de seus proxies, o Hezbollah, a atacar Israel. Esse conflito tem o potencial de causar um desastre humanitário ainda maior. O grupo, que é uma extensão da Guarda Revolucionária do Irã, possui cerca de 100.000 combatentes bem armados.
Após participar do exercício NATO BALTOPS, o grupo de ataque anfíbio USS Wasp, incluindo o USS New York e o USS Oak Hill, transitou pelo Estreito de Gibraltar em direção ao Mediterrâneo. Esta força, composta por cerca de 2.000 tropas da 24ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, pode mitigar a falta de um porta-aviões na região e seria ideal para uma operação de evacuação de civis.
A situação exige atenção constante e decisões estratégicas complexas. A Marinha Real Britânica enfrenta dificuldades devido à falta de destróieres e fragatas, e qualquer mobilização de porta-aviões dependerá fortemente da disposição dos aliados em fornecer navios de escolta. O foco nas eleições gerais iminentes no Reino Unido não facilita a tomada de decisões políticas decisivas, e um possível ataque do Hezbollah a Israel pode ser o primeiro grande desafio do novo governo.
Em resumo, a situação no Oriente Médio está exigindo uma coordenação naval mais robusta e uma resposta mais integrada dos aliados ocidentais para garantir a estabilidade na região e a segurança dos marinheiros e civis afetados pelos conflitos em andamento.