Em junho de 1944 as primeiras profissionais de Saúde incorporadas ao serviço militar no Brasil partiam rumo à 2ª guerra mundial na Itália.
As profissionais eram extremamente necessárias à FEB (Força Expedicionária Brasileira), pois os feridos na guerra já eram demais para as enfermeiras americanas darem conta. Além disso, não falavam português.
Entre as pioneiras estava Virgínia Portocarrero, uma carioca de 27 anos, solteira e sem filhos, formada em Enfermagem Samaritana pela Cruz Vermelha. Filha do general Tito Portocarrero e sobrinha de tios que participaram na Guerra do Paraguai.
Virgínia procurou um posto de alistamento em 1943 sem o conhecimento dos pais ao ler a notícia sobre o voluntariado no jornal O Globo e acabou selecionada após testes de aptidão.
No primeiro dia em combate, ela foi surpreendida por um bombardeio no porto de Nápoles e contou ter ficado paralisada na cama, sem coragem pra levantar.
“Simplesmente não sentia minhas pernas. Depois, habituei-me e nem ligava mais”.
Entre as tarefas do grupo de enfermeiras brasileiras estava cuidados com pacientes críticos, relatórios diários em inglês e situações mais complexas, como mudanças de lugar dos hospitais de campanha e evacuações emergenciais.
Ao todo, elas passaram por 8 hospitais durante os 11 meses de guerra e foram submetidas a rotinas exaustivas, como plantões de 15 dias seguidos.
Virgínia voltou pro Brasil em julho de 1945, condecorada e elogiada pelas Forças Armadas Brasileiras e Americanas, mas foi reformada. Em 1957, foi reintegrada ao Exército e seguiu na Enfermagem da Força até se reformar como capitã, em 1963.
Em março de 2023, Virgínia Portocarrero morreu aos 105 anos, no Rio. Foi a última enfermeira do seu grupo a partir.
Antes de ir a óbito, disse não ter arrependimentos.
“Não tenho nenhum arrependimento por ter ido. Tenho é orgulho de ter acompanhado uma tropa de tamanho valor”.
A Fiocruz mantém um acervo digital dedicado à Virgínia. Confira!
Com informações do Cofen