O grupo australiano DefendTex, que tinha interesse em negociar com a Avibras mas alegava dificuldades de conseguir financiamento de US$ 70 milhões junto a bancos, terá mais tempo pra fechar uma possível compra da indústria brasileira.
A desistência do grupo australiano chegou a ser oficializada publicamente, em junho, por meio de declaração do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Mas, após a estatal chinesa Norinco demonstrar interesse em adquirir 49% da Avibras, hoje principal fornecedora nacional de mísseis e foguetes para o Exército, a DefendTex resolveu voltar pro páreo.
O novo prazo de negociação foi definido em contrato assinado pelas duas partes na última semana. Caso a negociação avance, fontes da Folha de São Paulo indicam que a australiana deve desembolsar cerca de US$ 200 milhões (mais de R$ 1,1 bilhão na cotação atual) para comprar uma fatia superior a 50% da empresa brasileira.
Conforme também revelou a Folha de São Paulo, o documento assinado recentemente prevê que, no período, as empresas vão trocar informações pra comprovar a capacidade financeira e industrial pra fechar negócio. Vale destacar que o contrato inicial previa início das tratativas em março e fim em junho.
A proposta tem sido acompanhada de perto por representantes do governo americano, já que a Norinco sofre sanções da administração Joe Biden desde 2021, o que pode respingar nas relações do Brasil com os norte-americanos.
A entrada dos chineses também teria pressionado o governo australiano a destravar o financiamento pedido pela DefendTex, segundo informações da rede Sky News.
Contatadas pela Folha, tanto a Avibras quanto a DefendTex confirmaram a negociação numa nota conjunta.
“Ambas as empresas estão empenhadas em concluir o processo de aquisição e realizar o aporte de capital a partir do dia 30 de julho, visando a retomada das operações. Novas informações serão divulgadas em momento oportuno”.
A Avibras está em recuperação judicial desde março de 2022 e já demitiu mais de 400 funcionários. Seu rombo supera os R$ 700 milhões.
Segundo o ex-fuzileiro naval e consultor militar comandante Robinson Farinazzo, o maior responsável pela situação da Avibras é o governo federal devido à escassez de investimentos na indústria de defesa nacional. A declaração foi dada em 18 de junho deste ano à uma Comissão da Câmara dos Deputados.