Em 1997, a OTAN convidou pela primeira vez a marinha de um país não integrante da Aliança Militar para participar de jogos de guerra simulados no Atlântico Norte. A operação Linked Seas 97 tinha como principal objetivo convidar uma marinha com tripulações de submarinos reconhecidamente muito bem treinadas, mas que não conhecessem as táticas e procedimentos navais da OTAN, para que essa marinha pudesse simular o inimigo daquela aliança militar.
A Participação da Marinha do Brasil
Após avaliar as opções, por sugestão de Portugal, anfitrião do exercício, a Marinha do Brasil foi convidada a participar daquela mega operação, que contou com a presença de mais de 80 navios e submarinos. O Brasil enviou para este exercício a Fragata F-45 União, a Corveta V-32 Júlio de Noronha e o Submarino S-31 Tamoio.
O Papel do Submarino S-31 Tamoio
O Submarino S-31 Tamoio era a única embarcação do exercício que fazia parte da marinha do país “B”, o defensor. Sua missão era impedir uma invasão naval da poderosa esquadra da OTAN, o país “A”, sobre o mar territorial do país “B” e um possível desembarque anfíbio sobre seu litoral. Para isso, seu objetivo principal era afundar o poderoso porta-aviões espanhol R-11 Príncipe de Astúrias, para impedir que a esquadra invasora da OTAN se aproximasse do litoral português e espanhol.
O Confronto com a Esquadra da OTAN
O R-11 Príncipe de Astúrias era a nau capitânia da esquadra naval da OTAN naquele exercício militar e, por isso, estava escoltado por mais de 10 fragatas e destróieres dos Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, entre outros países da OTAN. Além disso, diversos submarinos nucleares da classe Los Angeles, com a ajuda de outros submarinos europeus, caçavam o submarino Tamoio para limpar o caminho para o porta-aviões R-11 e sua poderosa esquadra de aviões e helicópteros de guerra anti-submarina.
A Vitória do Submarino Tamoio
Apesar de estar cercado por esse gigantesco aparato da OTAN, montado para caçá-lo e destruí-lo, o Tamoio, operado pelos mais bem treinados submarinistas da América Latina, conseguiu, de forma espetacular, ludibriar os destróieres, fragatas, submarinos, aviões e helicópteros que o cercavam. O Tamoio, então, afundou virtualmente o Príncipe de Astúrias, a nau capitânia da esquadra naval da OTAN.
O Impacto da Vitória do Tamoio
A notícia da vitória do Tamoio rapidamente se espalhou, e começaram a se multiplicar os pedidos de submarinos Parati. Sem querer, a Marinha do Brasil virou garota-propaganda dos submarinos alemães. O estrago e a repercussão foram tais que a Marinha dos Estados Unidos, a mais poderosa do mundo, implantou um programa de estudos para combater a ameaça representada pelos modernos submarinos diesel-elétricos.
O episódio do Submarino S-31 Tamoio mostra a importância e a letalidade dos submarinos, capazes de negar a livre circulação marítima até mesmo para a esquadra naval mais poderosa do mundo, a da OTAN. Além disso, evidencia que as tripulações de submarinos brasileiras estão entre as mais bem treinadas do mundo, operando atualmente os submarinos extremamente modernos da classe Riachuelo e, no futuro, o submarino nuclear, para proteger o mar territorial brasileiro contra qualquer esquadra invasora.