Uma coligação frágil de partidos de esquerda conquistou a maioria das cadeiras nas cruciais eleições legislativas da França, superando tanto a extrema direita quanto a coalizão centrista do presidente Emmanuel Macron.
Nenhum grupo conseguiu maioria absoluta na Assembleia Nacional, que possui 577 cadeiras, após o segundo turno de domingo. Essa situação deixou a França em um limbo político sem um caminho claro para formar um novo governo, apenas dois dias antes de uma importante cúpula da OTAN e três semanas antes dos Jogos Olímpicos de Paris.
Situação política sem precedentes
De acordo com o primeiro-ministro Gabriel Attal, “nossa nação enfrenta uma situação política sem precedentes e se prepara para receber o mundo em algumas semanas”.
A Nova Frente Popular (NFP) – formada no mês passado após Macron convocar eleições antecipadas – uniu socialistas, verdes, comunistas e o partido de extrema esquerda França Insubmissa em um único campo.
A aliança de esquerda conquistou 177 cadeiras, enquanto a coalizão de Macron, Ensemble, garantiu 148 assentos. Já a coalizão da oposição de Marine Le Pen obteve 142 cadeiras. O resultado estabeleceu um novo recorde para a extrema direita, embora tenha ficado aquém das expectativas de Marine Le Pen, que esperava uma vitória decisiva após as eleições antecipadas convocadas por Macron.
Apoiadores de esquerda se reuniram na Praça Republique, no centro de Paris, para comemorar os resultados com sinalizadores, tambores e gritos de “Nós vencemos! Nós vencemos!”
Resultado Impactante e Expectativas Futuras
O Rally Nacional, de Marine Le Pen, liderou após o primeiro turno de 30 de junho. Pesquisas preveram que seria o maior partido no parlamento após a eleição de domingo. No entanto, não foi exatamente o que aconteceu. Mesmo assim, o gabinete de Macron afirmou que o líder francês estava ciente dos resultados. De acordo com um comunicado oficial, “o Presidente garantirá que a escolha soberana do povo francês seja respeitada”.
Marine Le Pen, que pode considerar uma quarta candidatura presidencial em 2027, disse que o resultado preparou o terreno para “a vitória de amanhã”.
Segundo Le Pen, “a maré está subindo. Não subiu o suficiente desta vez, mas continua subindo e, consequentemente, nossa vitória só foi adiada”.